04 jul, 2024 • André Rodrigues
A Procuradora-Geral da República vai ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre o estado da Justiça em Portugal.
Lucília Gago aceitou ser ouvida pelos deputados.
O Explicador Renascença esclarece o que está em causa.
Desde logo, há uma certeza: não pode falar de casos concretos.
Mesmo que os deputados lhe perguntem sobre como decorrem as investigações sobre este ou aquele caso, Lucília Gago não falará sobre situações concretas.
A pergunta poderá ser levantada - e será, seguramente. Mas esse célebre parágrafo aludindo a eventuais suspeitas sobre António Costa diz respeito, lá está, a um caso concreto que é a Operação Influencer.
Na altura, o nome do então primeiro-ministro foi referido no comunicado da Procuradoria-Geral da República por causa de referências feitas pelos suspeitos do caso à participação de Costa em factos que estavam sob investigação.
É exatamente a mesma situação do caso Influencer. Numa e noutra situação, a atuação dos procuradores agravou o clima de tensão entre o Ministério Público e os juízes.
Sobre a sua ação na hierarquia do Ministério Público - essa sim, uma questão importante em cima da mesa.
Outra questão sobre a qual Lucília Gago deverá ser questionada - e poderá responder sem reservas - tem a ver com as fugas de informação: o que leva a que elas aconteçam e, já agora, quais os resultados dos inquéritos por violação do segredo de Justiça.
Ainda não há uma data, mas é muito provável que isso não aconteça antes de 10 de setembro, ou seja, no regresso dos trabalhos parlamentares após as férias.
Porque o relatório de atividades do Ministério Público relativo ao ano passado ainda não está concluído, ainda que o prazo fosse 31 de maio. Mas tudo indica que não estará concluído a tempo das férias parlamentares.
E este documento é uma peça fundamental para que os deputados possam escrutinar o papel da Procuradora-Geral e fazer as perguntas que entendam que são mais pertinentes.