16 out, 2024 • Alexandre Abrantes Neves
No Explicador Renascença desta quarta-feira falamos sobre o chamado "Plano de Vitória" anunciado pela Ucrânia. Volvidos mais de dois anos e meio de guerra, o Presidente Volodymyr Zelensky apresentou no Parlamento a estratégia para derrotar as tropas russas.
Em que consiste o plano de Zelensky?
O plano tem cinco eixos, alguns deles bem ambiciosos. O primeiro passa pela entrada da Ucrânia na NATO. Este é o assunto mais prioritário, na perspetiva de Zelensky, que acredita que a entrada na Aliança Atlântica faria o Presidente russo, Vladimir Putin, acabar imediatamente com a guerra.
Outro dos grandes tópicos deste documento passa pela utilização de armas de longo alcance para visar alvos em território russo. Este pedido já foi renovado várias vezes pelo chefe do Estado ucraniano, mas tem sido sempre negado pelos aliados.
O objetivo de Zelensky é obrigar a Rússia a recuar e a colocar um ponto final na ofensiva. O Presidente ucraniano acredita que isso pode acontecer até ao final do próximo ano.
Desde o início da guerra que se tem falado muito de sanções económicas à Rússia. O plano contempla alguma proposta nesse sentido?
Sim. Zelensky pede também um reforço das punições financeiras que os Estados Unidos e a União Europeia têm aplicado a Moscovo.
Além disso, este “Plano para a vitória” ucraniana antecipa já medidas a implementar no pós-guerra. Propõe, por exemplo, a substituição de algumas posições militares dos Estados Unidos na Europa por unidades ucranianas. Segundo Zelensky, iria permitir reforçar a segurança no Ocidente e evitar novos conflitos do género deste que a estamos a assistir.
Agora, o que segue para que a Ucrânia possa implementar o plano?
Desde logo, tem de o apresentar aos aliados. Zelensky já se reuniu com os principais protagonistas dos Estados Unidos: o Presidente Joe Biden e também os dois candidatos às eleições de novembro, Kamala Harris e Donald Trump.
Já fez igualmente um périplo pelas principais capitais europeias - foi a Paris, Roma, Londres e Berlim. Na quinta-feira, vai a Bruxelas, onde vão estar reunidos os líderes dos 27.
Nestes encontros, o Presidente ucraniano está também a apresentar três adendas ao plano, ainda secretas. Zelensky já adiantou, no entanto, que uma delas incide num pacote de dissuasão estratégica, sem utilizar armas nucleares.
Parece provável que os aliados aceitem este plano?
À primeira vista, parece muito difícil. A hipótese da entrada da Ucrânia na NATO tem sido rejeitada várias vezes por diversos países da aliança, que temem que uma adesão ucraniana pudesse empurrar todo o Ocidente para uma guerra com Moscovo.
Pela mesma razão, também Washington já esclareceu repetidas vezes que não permite a utilização de armas dos Estados Unidos em território russo. Esta que é outra das principais medidas defendidas por Zelensky para reforçar a capacidade militar ucraniana.
A Rússia já reagiu ao plano da Ucrânia?
Sim. A resposta veio pelo porta-voz do Kremlin. Numa declaração citada pela agência Reuters, Dmitry Peskov acusou Kiev de construir um plano camuflado com medidas fúteis e desenhadas pelos Estados Unidos.