03 dez, 2024 • André Rodrigues
Continua a subir o preço das casas em Portugal. Mais 10% no último ano.
E no final de novembro, o custo para comprar casa estava perto dos 2.800 euros por metro quadrado.
O Explicador Renascença esclarece.
Porque continua a haver mais procura do que oferta, o que acaba por pressionar o mercado.
E para que se tenha uma ideia, a JLL - uma consultora na área do imobiliário - dá um exemplo bastante ilustrativo: para cada casa nova que surge no mercado, existe procura para comprar nove.
Deste desencontro, a consequência é simples: há uma pressão para subir os preços da habitação.
Não muito. Na verdade, e uma vez mais citando a consultora JLL, 83% das casas vendidas são usadas, o que significa que o mercado continua a ser dominado pelas vendas entre particulares.
Ou seja, os preços em crescimento são predominantemente fixados por particulares e não por grandes investidores. Por outro lado, 86% das casas foram compradas por famílias, o que, uma vez mais, contraria aquela ideia de ambição especulativa dos investidores que compram casa em Portugal.
E, finalmente, apenas 6% das casas vendidas foram compradas por estrangeiros, o que significa que são os portugueses a dinamizar o mercado.
De acordo com o Portal Idealista, no final de novembro, o preço médio do metro quadrado estava nos 2.783 euros, mais 1,8% do que no mês anterior e mais 10% do que em finais de novembro do ano passado.
Curiosamente, Lisboa e Porto foram as cidades onde o custo das casas subiu menos, mas continuam a ser as que têm os preços mais altos.
No oposto, Castelo Branco, Guarda, Bragança e Portalegre são os distritos com as casas mais baratas.
A expectativa era de que essa descida ocorresse de forma mais acentuada a partir do segundo semestre deste ano, impulsionada pelas novas medidas para facilitar o acesso à habitação jovem, através do programa Construir Portugal, cujo objetivo é aumentar a oferta de habitação acessível e apoiar a população até aos 35 anos na compra da primeira casa.
Desde logo, através da medida de garantia pública, que permite obter financiamento a 100% do valor da primeira casa. Aqui, claramente um incentivo à procura.
No entanto, se isto não for acompanhado por incentivos à oferta, o problema dos preços elevados continuará por resolver.
A boa notícia é que a desaceleração do aumento dos preços em algumas regiões, que está a acontecer também em Lisboa e no Porto, parece apontar para uma tendência de estabilização que, no futuro, poderá mesmo levar a uma queda dos preços.