06 dez, 2024 • André Rodrigues
As mulheres que completarem 45 anos em 2025 vão ser chamadas para fazerem rastreio ao cancro da mama, já em janeiro. Porquê?
Porque, nos últimos 20 anos, registou-se um aumento dos casos de cancro da mama nas entre os 45 e os 55 anos. E quando surgem nestas idades mais precoces são, em regra, mais agressivos, mortais e difíceis de detetar. Por isso, quanto mais cedo começar a prevenção, mais fácil poderá ser a abordagem ao problema.
É esta a razão que justifica a antecipação do início dos rastreios. Por isso é que, já a partir de janeiro, as mulheres nascidas até 1980 vão ser convidadas a fazer uma mamografia logo no início do ano. Atualmente, o protocolo vai dos 50 aos 69 anos, com mamografias de controlo a cada dois anos.
Contrariamente a outros cancros, no caso da mama não existe um fator predominante que explique este maior número de casos em idades mais precoces.
No cancro da pele, sabemos que a radiação solar é o fator predominante; no pulmão, é o tabaco; no cancro do útero, é a infeção com o vírus do papiloma humano.
O cancro da mama é multifatorial. E está demonstrado que a hereditariedade conta entre cinco e dez por cento para o aparecimento de novos casos.
Depois, há o fator hormonal: quanto mais cedo ocorre o primeiro ciclo menstrual, maior a probabilidade da mulher desenvolver cancro da mama mais cedo.
Por causa da exposição dos tecidos da mama ao estrogénio, que é a hormona responsável pela regulação dos ciclos reprodutivos. Acontece que o tumor da mama depende desta hormona para crescer no organismo. Por isso, quanto mais cedo ocorre a primeira menstruação na mulher - que pode ser a partir dos 12 anos, ou mais cedo - aumenta o risco de desenvolver cancro da mama.
O resto dos fatores tem a ver, sobretudo, com estilo de vida: alimentação, sedentarismo, obesidade, o tabagismo, que tem aumento e muito entre as mulheres mais jovens.
Depois, o ambiente que se respira, a poluição dos grandes centros urbanos. E, finalmente, os efeitos colaterais de alguns medicamentos que, por um lado curam uma doença mas, ao mesmo tempo, podem ser responsáveis por alterações nas células que potenciam o surgimento do cancro da mama.
Esse é o dado curioso. O cancro da mama está a aumentar na casa dos 40 anos e, também, em idades mais tardias. Por uma razão simples: estamos a viver mais tempo e, por isso, o cancro já não é só uma doença hereditária, ou de estilo de vida. É também - e vai ser cada vez mais - uma doença do envelhecimento.
Daí que as mais recentes recomendações da União Europeia prevejam, não apenas a antecipação dos rastreios para os 45 anos, mas também que eles se estendam até mais tarde, até aos 74 anos.