09 dez, 2024 • André Rodrigues
É o fim de uma era na Síria. Este domingo, as forças rebeldes puseram fim à dinastia Assad, que governou o país durante mais de 50 anos.
É um momento considerado histórico para o Médio Oriente.
O Explicador Renascença conta os pormenores.
É a consequência do reacendimento da guerra civil na Síria. Em 2011, na altura da chamada Primavera Árabe, Bashar al-Assad fugiu do país, manifestantes pró-democracia exigiram a destituição de Bashar al-Assad.
A reação foi mortífera, a tal ponto que as milícias da oposição receberam o apoio de potências como os Estados Unidos, Arábia Saudita, Turquia e Emirados Árabes Unidos e conseguiram conquistar partes do território sírio.
Na resposta, Assad aliou-se ao Irão e à Rússia que, inclusive, ajudou o governo sírio com aviões da força aérea russa, utilizados para bombardear as regiões controladas pelos rebeldes.
Porque o caos na Síria foi aproveitado por grupos extremistas, como o Estado Islâmico, para pôr em marcha a reposição do mapa do califado, subtraindo parcelas de território, tanto na Síria, como no Iraque.
Isso foi em 2014. Desde essa altura, forças curdas apoiadas pelos norte-americanos acabaram com o domínio territorial do Estado Islâmico na Síria.
Em 2020, a Rússia e a Turquia assinaram um cessar-fogo para a última parcela de território controlada pela oposição ao regime e praticamente não houve confrontos nos últimos anos.
A verdade é que o regime de Damasco nunca mais teve controlo absoluto sobre todo o território.
Sim. No final do mês passado, uma ampla coligação de milícias - a autodenominada Organização de Libertação do Levante - lançou uma ofensiva-relâmpago contra as forças pró-governamentais em áreas estratégicas como Idlib e Aleppo - a segunda maior cidade da Síria.
O rápido avanço dos rebeldes, a par com a fragmentação do exército governamental, levou à conquista de outros pontos-chave como Hama e Homs. E, finalmente, Damasco.
Este domingo, milhares de soldados do regime fugiram da capital e Bashar al-Assad abandonou o país ainda antes da chegada dos rebeldes à cidade de Damasco.
Porque, em termos militares, o exército sírio era totalmente dependente do apoio da Rússia e do Irão, aqui representado pelos xiitas do Hezbollah.
Só que a guerra na Ucrânia e os sucessivos ataques de Israel contra o Hezbollah tornaram impossível a continuação ao apoio destes aliados a Bashar al-Assad.
Além disso, a economia síria está mergulhada no caos e a população do país vive na miséria.
Na Rússia. De acordo com fonte do Kremlin, citada pela agência estatal russa TASS, Bashar al-Assad e a família receberam asilo em Moscovo.
No imediato, o país está nas mãos dos rebeldes. Estamos a falar de um grupo que, tanto a Casa Branca, como as Nações Unidas classificam como uma organização terrorista.
Por isso, a grande questão agora é se, uma vez libertada da ditadura de Assad, a Síria volta a cair nas mãos do extremismo violento.