11 dez, 2024 • André Rodrigues
Portugal precisa de 50 mil a 100 mil imigrantes por ano para pôr a economia a crescer.
É a estimativa que vem num relatório sobre Migrações e Direitos Humanos.
O Explicador Renascença esclarece.
Não há um número ideal, até porque estes valores são calculados em função das entradas e saídas de população. Mas, de acordo com os especialistas que elaboraram este estudo, 50 mil a 100 mil imigrantes é o número necessário para responder a dois problemas: um tem a ver com a baixa fecundidade e com o envelhecimento da população.
Apesar de nascerem mais bebés, isso não é suficiente para reverter a diferença entre nascimentos e óbitos. Só no ano pasado, o valor acumulado deste indicador foi de menos 32.650 pessoas.
Outro dado é a economia. Se o envelhecimento da população não for compensado por novas gerações, isso reduz a força de trabalho, o que compromete o crescimento da economia e pode, no limite, pôr em causa o sistema de Segurança Social, porque as contribuições também diminuem.
Parece um número elevado, mas, na verdade, está em linha com outros estudos.
Em setembro deste ano, uma investigação da Faculdade de Economia da Universidade do Porto concluiu que o país precisa de 138 mil imigrantes anuais, se quiser aumentar o crescimento económico e, dessa forma, entrar no grupo dos países mais ricos da União Europeia até 2033. E essa é a novidade.
O argumento de que Portugal precisa de imigrantes para suprir as necessidades do mercado de trabalho é um retrato conhecido. Agora, o foco é melhorar a posição do país no ranking de riqueza da União Europeia.
De acordo com os dados mais recentes, o número de estrangeiros em Portugal mais do que duplicou nos últimos seis anos.
Eram pouco mais de 480 mil em 2017; são agora mais de um milhão. E entre 2022 e 2023 o aumento da população estrangeira em Portugal foi superior a 33%.
De resto, o ano passado foi o período em que a população residente em Portugal mais cresceu. De acordo com o INE estima-se que tenham entrado em Portugal perto de 190 mil imigrantes permanentes.
Pouco mais de metade eram homens, 81% estavam em idade ativa e mais de 70% nasceram ou residiam num país fora da União Europeia.
Para o crescimento económico e para a estabilidade do sistema de Segurança Social. Os estrangeiros a viver em Portugal contribuíram mais do que aquilo que receberam da Segurança Social.
Nos primeiros oito meses deste ano, a comunidade imigrante pagou mais de DOIS mil milhões de euros em contribuições sociais. É um novo máximo histórico.
Já o montante recebido foi apenas 380 milhões de euros.
Sim. Esse é outro argumento cai por terra.
E este estudo da Universidade do Porto vai mais longe. Diz que a integração dos imigrantes alarga as oportunidades de investimento e de emprego para todos, além, claro está, do contributo para a Segurança Social.
Para isso, há que tirar partido dos ciclos de crescimento económico, impulsionados por fatores conjunturais, como o PRR ou o crescimento do turismo para reter trabalhadores estrangeiros, antes que a dinâmica se esgote.