16 dez, 2024 • André Rodrigues
A partir desta segunda-feira, há novas regras no seguimento das grávidas da região de Lisboa e Vale do Tejo e também em Leiria. Antes de se deslocarem a uma urgência, devem ligar para a linha SNS Grávida.
O Explicador Renascença esclarece.
Para retirar as situações não urgentes das urgências de Obstetrícia e Ginecologia. É esse o objetivo desta medida que arranca esta segunda-feira: racionalizar a procura de cuidados de saúde, canalizando-os para os locais mais apropriados e, com isso, evitar os constrangimentos a que assistimos num passado recente, com urgências de obstetrícia encerradas.
E esse problema foi sentido, sobretudo, em Lisboa e Vale do Tejo, com urgências fechadas ou a funcionar com metade das capacidades.
Estas regras para o atendimento de grávidas abrange, também, os hospitais de Leiria e da região Oeste, onde também é recorrente a pressão nas urgências por falta de profissionais, não apenas em ginecologia e obstetrícia, mas também na pediatria.
É o que está estabelecido pela portaria do Ministério da Saúde. No entanto, no conjunto de hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, este projeto-piloto exclui as unidades da Península de Setúbal. A saber: Garcia de Orta (Almada), São Bernardo (Setúbal) e ainda o hospital do Barreiro.
A título voluntário, juntam-se: Hospital de Gaia, Centro Materno Infantil do Norte e Hospital de Portalegre.
Quanto ao resto do país, fica em aberto a possibilidade de outros hospitais poderem juntar-se, mas mediante alguns critérios.
Por exemplo, terem consulta aberta para situações obstétricas e ginecológicas em horário adaptável à procura, em funcionamento todos os dias úteis; terem um mecanismo de agendamento célere de uma consulta aberta hospitalar, ou nos cuidados de saúde primários.
Noutro plano, as unidades que queiram aderir ao projeto-piloto devem integrar algoritmos nos registos informáticos da triagem das urgências e investir na formação de enfermeiros especialistas em saúde materna.
Não só estava previsto, como até já está em vigor desde junho. Ou seja, desde que entrou em funcionamento o Plano de Emergência e Transformação na Saúde.
Desde essa altura que já está disponível a Linha SNS Grávida para encaminhar as mulheres grávidas para a urgência de ginecologia/obstetrícia mais próxima.
O Plano de Reorganização para as Urgências de Obstetrícia e Ginecologia e de Pediatria veio reforçar essa regra, depois de, no verão, as urgências terem voltado a registar dificuldades de funcionamento, devido à falta de especialistas para preencher as escalas - o que levou ao encerramento parcial ou a constrangimentos nos serviços.
Preferencialmente, enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica. Os hospitais usarão os mesmos algoritmos da Linha SNS Grávida na triagem presencial da urgência.
Os hospitais podem, ainda, criar uma pré-triagem telefónica própria, sempre em articulação direta com o SNS Grávida.
Mas há exceções para situações com forte suspeita de poderem representar risco iminente de vida, designadamente a perda de consciência, convulsões, dificuldade respiratória, hemorragia abundante, traumatismo grave ou dores muito intensas.
De acordo com os números do Governo, Portugal tem um número de atendimentos em urgências de Obstetrícia e Ginecologia que é "consideravelmente superior" ao dos países do Norte e Centro da Europa.
E a razão prende-se, sobretudo, com a ausência de controlo no acesso à urgência.
Porque a população tem a perceção de que a urgência é um local de atendimento especializado permanente, portanto sempre à disposição, que permite a realização de exames complementares de diagnóstico sem custos.
E, por essa razão, é um serviço procurado para aconselhamento de todo o tipo de situações obstétricas e ginecológicas.
O que acaba por prolongar os tempos de espera nas situações que são verdadeiramente urgentes.