16 jun, 2015
O antigo ministro da Justiça Vera Jardim "estranha muito" que José Sócrates não tenha ficado em prisão domiciliária sem pulseira electrónica e continue na cadeia de Évora.
Em declarações ao programa Falar Claro da Renascença, o comentador socialista questiona a opção do juiz Carlos Alexandre e do Ministério Público.
"Estranho muito que a primeira medida de coacção, que era o uso da pulseira electrónica, que foi proposta e foi negada [por José Sócrates]… porque é que foi substituída de imediato pela prisão efectiva?", pergunta Vera Jardim.
É mais difícil e, sobretudo, mais custosa, admite o antigo ministro, mas a prisão domiciliária com polícia à porta e sem pulseira é uma das possibilidades que as entidades judiciais têm em alternativa às "muitas prisões preventivas".
"Estranho e não sou só eu que estranho, tenho ouvido muitos juristas a estranhar, porque haveria à disposição das autoridades e aí sem que o arguido tivesse uma palavra a dizer, porque na prisão domiciliária o arguido não é ouvido, ao contrário da pulseira electrónica”, sublinha.
Costa "geriu bem" o caso Sócrates
O processo judicial em que está envolvido o antigo primeiro-ministro José Sócrates é um factor negativo para o PS, mas o líder António Costa está a lidar bem com a situação, defende Vera Jardim.
"[António Costa] Geriu bem desde o início. Este processo teria que ser bem gerido deste o início. E [Costa] geriu-o [bem] e tem continuado a gerir. Estar preso alguém que foi primeiro-ministro de Portugal num governo socialista e que foi secretário-geral do PS, sobretudo com o ruído que se tem criado à volta deste processo, com certeza que não é positivo, é um factor negativo que temos que enfrentar."
O caso Sócrates "tem sempre um impacto político" e o "ruído mediático que se cria à volta da questão abafa muito daquilo que são as propostas e o discurso do PS", admite Vera Jardim.
O comentador do Falar Claro reconhece que, até agora, PSD e CDS não têm feito aproveitamento político do caso e espera que "não venham a usar esta situação como arma de arremesso eleitoral".
Não é pelo caso Sócrates "que se vão ganhar ou perder eleições"
No programa Falar Claro desta segunda-feira, o ex-eurodeputado do CDS Diogo Feio defende que ninguém vai ganhar ou perder as próximas legislativas por causa do caso Sócrates.
"Não é por esta questão que estamos aqui a discutir que António Costa não está muito melhor nas sondagens, é por um conjunto de erros políticos que têm sido assumidos pelo PS, na minha opinião com frases erráticas em relação aos investidores, a questão da TAP, do IRC, propostas sobre a TSU. Não é por esta questão que se vão ganhar ou perder eleições."
Para Diogo Feio, "o tema da situação de natureza judicial que vive, neste momento, José Sócrates só será trazido para a campanha, directamente, se houver falta de bom senso por parte dos diversos actores políticos".