24 dez, 2019 • Anabela Góis , Filipe d'Avillez
Fernando Medina acha que o facto de as contas públicas terem apresentado um pequeno excedente no último trimestre é irrelevante. O que importa, diz o comentador da Renascença, é que as contas estejam, no geral, equilibradas.
“Esses dados da execução orçamental trimestral induzem muitas vezes em erro. É feito numa ótica de caixa, quanto dinheiro é que o Estado tem ou não tem num determinado momento. Aquilo que conta é no fim sabermos se perante o dinheiro que há e os compromissos que se assumiram, qual vai ser o saldo final.”
“A situação das nossas contas é equilibrada, não falarei de um grande excedente, porque acho que não vai acontecer, nem este ano nem no próximo. O importante agora é termos as contas equilibradas, mais 0,1% para cima ou para baixo é indiferente”, afirma o autarca de Lisboa.
Medina diz que é claramente mais importante ter uma economia equilibrada do que ter um défice significativo, ainda que com a economia a crescer. “Há uma diferença grande entre ter uma conta equilibrada ou ter um défice de 2 ou 3% quando a economia está a crescer, porque significa que estaremos mais bem preparados. Estamos a reduzir a dívida, e é bom que vá reduzindo, e dá-nos a segurança de que, havendo uma crise, se possa aumentar o défice um pouco, com os chamados estabilizadores automáticos, porque se paga mais subsídios de desemprego e recebe-se menos receita fiscal, sem que haja necessidade de medidas de sobressalto.”
João Taborda da Gama comentou, por sua vez, a carga fiscal. Contra o que diz Mário Centeno, o comentador garante que os portugueses estão a pagar mais e que o Governo vive bem com isso.
“Isso depende sempre do conceito de carga fiscal e receita fiscal. Os economistas conseguem arranjar sempre maneira de discutir isso”, começa por dizer.
“O que é facto é que os portugueses estão a pagar mais impostos, vão pagar mais impostos e este Governo está contente com isso e não o quer assumir. Tínhamos um governo anterior que assumia isso, este não assume, junta uma carga de impostos sem precedentes em Portugal com cativações sem precedentes em Portugal, é uma maneira de gerir orçamentos. Este é gerido com sorrisos, os outros eram geridos com menos sorrisos, uns permitiram baixar um défice de 15% até 3%, outros permitiram ter um excedente orçamental”, conclui.