09 abr, 2020 • Marta Grosso , Anabela Góis (moderação do debate)
“É muito difícil assegurarmos esta compatibilidade das famílias em teletrabalho com filhos em casa. Os pais não estão preparados para substituir as escolas”, diz Fernando Medina na Renascença, nesta quinta-feira.
Instado a comentar uma eventual reabertura das escolas, o autarca de Lisboa, comentador habitual no programa As Três da Manhã, considera que o regresso de todos os alunos às escolas colocaria em causa todo o trabalho já feito para se combater a pandemia de Covid-19 no país.
“O número de jovens, crianças, pais e professores envolvidos seria de uma dimensão tal que significaria uma sociedade completamente aberta e a funcionar na plenitude como se não houvesse pandemia”, afirma.
Por isso, o que o Governo estará a ponderar “é um regresso presencial dos alunos que tenham de fazer exames”, o que representa “um universo limitado de alunos” e “com uma autonomia bastante maior”.
Em causa fica a aprendizagem presencial. “A relação professor/aluno é essencial para a aprendizagem e terá de ser recuperada nos próximos anos”.
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João Taborda da Gama, que partilha o espaço de comentário com Fernando Medina, destaca a dificuldade do teletrabalho com filhos em casa.
A sociedade “não estava preparada para fazer teletrabalho com as escolas fechadas e como a sociedade tem de continuar e a economia vai reabrir, é preciso perceber como é que as autoridades escolares estão a pensar que a escola cumpra essa função de acomodar, educar e dar oportunidades de convívio aos jovens num contexto diferente”, afirma.
“Porque Portugal já percebeu que o teletrabalho é uma coisa bonita, mas para qual a sociedade como um todo não estava preparada”, acrescenta.
Taborda da Gama chama ainda a atenção para o facto de muitos professores também serem pais e estarem em teletrabalho.
“O que interesse é o primeiro período do próximo ano letivo. Vai começar quando? Como a escola vai acomodar o afluxo de jovens e crianças permitindo recuperar o tempo em que a sociedade esteve fechada em casa a ver concertos e a fazer aulas de ioga?”, aponta.
Sobre o outro assunto em debate – a passagem do hacker português Rui Pinto a prisão domiciliaria e a sua disponibilidade para colaborar com as autoridades – João Taborda da Gama considera que se sabe pouco sobre este caso e espera agora seja possível perceber mais.
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Fernando Medina, por seu lado, diz que nem endeusa Rui Pinto nem considera que praticou os piores crimes de sempre.
“O que sempre me pareceu adequado é que seja julgado pelas acusações de que está acusado”, diz, sublinhando que “a ideia de que um hacker se substitui a uma autoridade policial é perigosíssima”.
Medina defende, assim, que sejam dados à Polícia Judiciária “os recursos absolutamente necessários para que reforce o que faz bem”.