12 jun, 2020 • Marta Grosso , Miguel Coelho (moderação do debate)
A vandalização da estátua do padre António Vieira revela ignorância, defende o presidente da Câmara de Lisboa na Renascença.
“É vandalismo ignorante, porque se há figura que espelha, muito fora dos ares do seu tempo, uma dimensão humanista e de tolerância, num tempo em que isso não era de todo regra com os índios, é precisamente o pe. António Vieira, que é uma figura maior do nosso pensamento e da nossa história”, afirma Fernando Medina.
Na opinião do autarca, comentador do programa As Três da Manhã, “sobre outras figuras pode haver até bastante mais debate, sobre o padre António Vieira não”, pois “está muito documentado, muito consolidado, muito entendido para quem conhecer”.
Fernando Medina e João Taborda da Gama consideram que, antes de se partir para atos como este ou outros associados aos movimentos que estão a ocorrer em vários países e têm levado a vandalismo contra alegados símbolos de racismo ou colonialismo, é necessário um debate.
“O passado dos países tem momentos bastante cruéis e contrários àquilo que são os padrões civilizacionais” e “não deve ser feito um exercício de amnésia histórica”, refere Taborda da Gama.
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“Por outro lado, também me parece que este tipo de movimentos não são aqueles que levam a que essa reconciliação com a história – no sentido até de perdão e compreensão, um pouco na linha de Tolentino Mendonça no 10 de Junho: olharmos um pouco para a nossa história, perceber que tem coisas muito erradas, mas conseguir ultrapassar isso positivamente e traduzir isso em lições positivas”.
Para tema da semana, os dois comentadores elegem a saída de Mário Centeno do Ministério das Finanças.
“Foi a substituição do Cristiano Ronaldo por um defesa central”, diz João Taborda da Gama, considerando que “vamos ter um punho forte de alguém que está habituado a aturar os outros ministros – que é isso que é ser ministro das Finanças – agora numa altura em que vai ser preciso subir a receita e baixar a despesa”.
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Taborda da Gama lembra ainda que o Orçamento existente é feito em previsões que já não existem e que não há modelo eficaz em “tempo de guerra”.
Para Fernando Medina, Mário Centeno “foi o executante de uma política económica em que poucos acreditavam no início da legislatura”.
“O grande mérito é que ele executa uma política em que poucos acreditavam e ele era um executante em que poucos acreditavam também. E Mário Centeno executa com sucesso essa política e revelou-se um político de mão cheia e hoje reconhecido e admirado em todo o país pelos portugueses”, acrescenta.
Para personalidade da semana, Taborda da Gama mantém Mário Centeno e Fernando Medina elege João Leão, “uma excelente escolha, que augura um muito bom mandato no Ministério das Finanças”.