Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

O colapso do arrendamento

09 ago, 2016 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Arrendar casa voltou a não ser a primeira opção. Nas poucas casas disponíveis pede-se rendas, em média, 40% superiores às praticadas há poucos anos.

Há décadas, a opção sensata para ter casa era alugá-la. Depois, a adesão ao euro baixou os juros do crédito. Entretanto, as hesitações dos governos em resolver o problema das rendas antigas (congeladas em Lisboa e Porto por Salazar e em todo o país pelo governo de Vasco Gonçalves, em 1974) travaram o mercado de aluguer.

Recentemente, após um curto período durante o qual o arrendamento para habitação esboçou uma recuperação, o surto turístico, por um lado, e, por outro, o regresso do crédito bancário à compra de casa, com taxas baixíssimas, praticamente liquidaram o mercado de arrendamento habitacional.

O “Jornal de Negócios” indica que quase não existem casas para alugar em regime de longa duração – os proprietários preferem alugueres de curta duração a turistas. As poucas casas disponíveis para habitar pedem rendas, em média, 40% superiores às praticadas há poucos anos.

Parece que o Governo prepara normas obrigando a reservar, em certos casos, habitações para arrendamento a longo prazo. Faz bem, até porque, se os juros estão hoje baixos, ninguém sabe como estarão eles daqui a anos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Vasco
    06 set, 2016 Cacém 12:54
    As rendas congeladas são do tempo da primeira república e não de Salazar.
  • maria pires ribeiro
    10 ago, 2016 LISBOA 08:50
    É uma economia paralela sem igual! Na zona de Belém, Rua da Junqueira, Pedrouços, Rua de Belém, Calçada da Ajuda, etc... Há arrendamentos registados para habitação de longo prazo, mas na prática esses arrendamentos, servem para encobrir a verdadeira prática, que é o AL (Alojamento Local) a turistas, todos os dias há novos a entrar enquanto outros saiem! Nada é declarado!!! Os hotéis não se manifestam porque muitos deles fazem parte desta mesma Rede!...
  • especuladores
    09 ago, 2016 Santarém 22:37
    No que respeita à especulação com arrendamentos parece estarmos na altura da galinha dos ovos de ouro, quando esta morrer lá voltaremos à velha crise, entretanto pode ser que seja uma boa oportunidade para proprietários de terrenos e construtores especularem uma vez mais também até matarem de novo a sua galinha.
  • Jeremias
    09 ago, 2016 20:34
    De facto, o direito à habitação deve ser um direito fundamental, mas deve ser assegurado pelo estado e não pelos proprietários. Se os proprietários quiserem arrendar ao dia, que arrendem. Não é o que muitos de nós fazemos nas férias? Ou só o Algarve é que conta? Que eu saiba, nenhuma das partes é obrigada a arrendar. O preço é só uma consequência da oferta e da procura. O problema está nos ordenados, não nas rendas, mas o que é facto, e que lá se vai comprando e alugando.
  • Joao p
    09 ago, 2016 Odivelas 18:51
    Compro uma casa alugo por 300 o estado leva 23 por cento não posso seduzir depois aumenta o IMI depois tenho de fazer obras quando o inquilino sair ao fim de meia dúzia de anos para que alugar para o estado ganhar
  • Joao p
    09 ago, 2016 Odivelas 18:51
    Compro uma casa alugo por 300 o estado leva 23 por cento não posso seduzir depois aumenta o IMI depois tenho de fazer obras quando o inquilino sair ao fim de meia dúzia de anos para que alugar para o estado ganhar
  • Jose
    09 ago, 2016 Porto 18:01
    A minha mente não consegue compreender, como é que neste momento existem casas a ser arrendadas ao dia para turistas. É um autentico golpe na economia. Os hotéis parecem estar satisfeitos com a situação porque também não falam. Se esta situação não fosse permitida mais empregos na área de hotelaria seriam criados. Como exemplo no prédio onde resido sou proprietário de uma fração um outro senhor é proprietário de 3 frações alugadas ao dia a turistas, imaginem em termos de segurança, (nao sei quem sao as pessoas), ruido(algumas vezes chegam bastante tarde), e outras coisas mais o que isto implica. A nivel de condomínio não há nada que possamos fazer. Vou vender a minha casa, para poder viver em descanso. Pode ser que alguem a compre e arrende também ao dia....
  • André
    09 ago, 2016 Lisboa 15:58
    Já se esperava. O arrendamento só ganhou pontos, por 2 razões: a nível fiscal, onde os empréstimos para habitação perderam 98% da sua dedução nestes anos, mantendo (ou aumentando)o valor para as casas arrendadas; a nível de preços, devido à "crise financeira" muitos bancos passaram a cobrar comissões que levavam as mensalidades a ir acima do valor da renda. Com os bancos a diversificarem as despesas de forma a baixar as mensalidades, em troca de quem pede o empréstimo ficar com mais 5 anos de mensalidades, voltou a permitir que o valor pago ao banco, mesmo com um aumento de 1600% nas comissões em relação ao que acontecia em 2008, já leva a que o empréstimo bancário fique mais barato que a renda da casa. Para além que as alterações impostas em 2013, levam a que muita gente tenha medo, pois mesmo com um aluguer de longa duração, o proprietário pode mandá-los abandonar a casa em qualquer altura. Neste último ano, tem acontecido situações dessas, na região metropolitana de Lisboa, para alugarem as casas a turistas, que pagam mais, durante estes 4-5 meses do ano. Na região de Almada existem dezenas de situações destas, porque agências de viagens estão a pagar 600 euros, por mês, pelo aluguer de um T2. Quando o valor normal rondava os 300 euros. Muito proprietários despacharam os inquilinos que lá estavam para alojarem turistas durante o Verão. Nalguns casos as agências pagaram 6500 euros pelo aluguer anual. Os proprietários aproveitaram...
  • FM
    09 ago, 2016 Lisboa 15:44
    Quem promulgou os eis orçamentos do Sócrates?
  • rfm
    09 ago, 2016 Coimbra 15:14
    .... de revisão em revisão, até às ultimas experiencias da Ministra Assunção Cristas (Balcão do despejo ...) e outras palermices piores que as anteriores, o mercado de arrendamento, continua a não ter um enquadramento regulamentar adequado - transpõe-se tanta coisa dos países da U.E., mas nesta matéria nada - os encargo, a carga fiscal a forma de utilização (regras por parte do inquilino), lotação indefinida e outras possíveis inseguranças que quem está de boa fé (inquilino ou senhoria) bem como a arrendamento subterrâneo, onde o arrendatário aluga partes e quartos da habitação, com lucro,, etc, mas claro a muito gente, nomeadamente aos financeiros não deverá convir um mercado de arrendamento viável que até a famosa troika não se lhe impôs.