23 jan, 2017
Sobre a posse de Trump, Nigel Farage, o político britânico que liderou o Brexit, escreveu: “a nossa revolução está em pleno desenvolvimento!”.
De facto, a crer no novo Presidente dos EUA, não estamos perante uma mera mudança de administração, nem apenas de uma alternância de partidos. Trata-se de uma revolução: o poder é retirado aos detestados políticos de Washington, sendo devolvido ao povo americano.
Eis uma clara manifestação de populismo. Não é novidade na América: há quase 200 anos, o presidente Andrew Jakcson dizia coisas parecidas e por isso é uma referência para Trump.
O problema está em concretizar essa viragem. Trump jurou a Constituição americana e não consta que a democracia representativa seja substituída pela directa. E referendos já vários estados, como a Califórnia, os promovem.
Assim, a revolução anunciada por Trump implica que os governantes se preocupem a sério com a sorte dos pobres e marginalizados ou, pelo menos, com a classe média.
Ora, os multimilionários que integram o governo de Trump, a começar por ele próprio, não têm mostrado preocupações sociais. Vão, até, baixar os impostos sobre os ricos. E não os incomoda cessar o combate às alterações climáticas, com aplauso das petrolíferas, mas legando às futuras gerações um mundo pior.
O populismo tem destas contradições.