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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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As raízes do ódio

14 ago, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Trump contribuiu para o clima de ódio e violência nos EUA. Mas há raízes mais antigas.

A manifestação pela “supremacia branca” em Charlottesville, na Virgínia, incluiu saudações e cânticos nazis. Os judeus (e não só os muçulmanos e os negros) foram alvo do ódio dos autoproclamados defensores dos brancos.

Havia manifestantes armados. Estava lá gente da Ku Klux Klan e bandeiras da confederação sulista, que em 1865 perdeu a guerra civil contra os adversários da escravatura. Aliás, a remoção de uma estátua do general sulista Robert Lee dera o pretexto para a manifestação, que tinha sido ilegalizada pouco antes de começar.

Depois, Trump evitou criticar a extrema-direita. É lamentável, mas compreende-se. A sua eleição impulsionou grupos extremistas adeptos da violência. Quem semeia ventos...

Mas a raiz dos problemas é muito anterior a Trump. O racismo persiste em grande parte dos EUA. Só há cerca de meio século foram eliminadas as leis que, no Sul do país, consagravam a discriminação dos negros. E hoje é notório o racismo de muitos polícias americanos, que não hesitam em disparar quando o suspeito é negro.

Entretanto, há americanos brancos que receiam estar a caminho de serem uma minoria nos EUA. Os hispânicos, uma espécie de brancos de segunda, dentro de anos serão a maioria. Daí, também, a hostilidade aos imigrantes, grande parte deles vindos da América Latina.

Trump surgiu como um salvador para esta gente inquieta. Mas, antes dele, a radicalização de boa parte do partido republicano, como o “tea party” nomeadamente, tinha levado numerosos republicanos para posições extremistas.

O Presidente americano gosta de milionários e de generais; alguns destes generais têm tentado moderar as suas tiradas belicistas. Mas não evitaram que Trump ameaçasse a Venezuela com um possível ataque militar – algo que apenas reforça Maduro e a sua ditadura.

E o “America first” não nasceu com Trump. A ideia de que, tendo vencido a guerra fria, os EUA deviam guiar-se pelo seu interesse imediato, desprezando aliados (como a NATO), organizações internacionais (como a ONU), o direito internacional e os direitos humanos (tortura, por exemplo) foi abertamente defendida por intelectuais americanos, os chamados “neoconservadores”, no tempo de George W. Bush presidente.

Apreciados fora dos EUA – até em Portugal – os “neocons” e quem os apoiou não têm apenas responsabilidades na fatídica invasão do Iraque; eles criaram o enquadramento intelectual para o clima de ódio e violência que marca a América de hoje.

Comentários
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  • Carlos Fidalgo
    17 ago, 2017 Mirandela 15:06
    Estes Márcio Visan e Ricardos ganham a vida a visionar ad redes sociais sobre temas que desagradem à geringonça.Provavelmente funcionários públicos pagos para fazerem este papel.Nisto PS,PCP e BLOCO são uma peça única e pagos nas suas "distrações"funções era uma ofensa para quem trabalha na função pública.PARASITAS.E são sempre de Lisboa, onde há palácios para esta gente fazer política encapotada e viver como lordes à custa do trabalhador e que depois quem lhes paga a geringonça cativa,rouba preços dos combustíveis, nos impostos indiretos, para pagar a estes parasitas e mais aos medias que se sentam a seu lado. Tenham vergonha!Revejam o programa da TV 3 de terça feira à noite e vejam aí o vosso ideal de sociedade Porque aspiram.Vâo embora deste País. não fizemos Abril para fascistas de esquerda nos virem inquietar.Nem tentem tal como em 25 Nov.75 serão corridos mas agora à estilo de MADURO.Um combatente sempre pronto pela verdadeira democracia.
  • Marco Visan
    14 ago, 2017 Lisboa 20:38
    Com este discurso, Sarsfield Cabral tenta agora transparecer que é imparcial em matéria de ideologia e política. Infelizmente, a máscara já caiu há muito e o seu artigo «A esquerda e a Venezuela» ainda está muito fresco nas memórias daqueles que o acompanham até à cova dos autores ocos e vazios de conteúdo.
  • Ricardo Martins
    14 ago, 2017 Lisboa 18:51
    Ops o Dr. Cabral que há 14 anos com o inarrável cherne aplaudiu a cimeira dos Açores e a invasão do Iraque a cargo do gangster Bush e do seu criado pseudo Socilaista agora condena a invasão do Iraque que se passou ? guinada a esquerda ? não até porque continua a adorar o pafioso Coelho e a inarrável Marilu . Por fim saberia o Dr. Cabral , que foi o GOP que nem nos anos 60 deixou passar a legislação dos direitos civis e que na guerra civil os vencedores foram os republicanos ?
  • 14 ago, 2017 Lisboa 13:15
    Mais um artigo inacreditável de Sarsfield Cabral. Nem uma palavra a condenar Black Lives Matter, Antifa, black panther party e outras organizações abertamente racistas fortalecidas durante os anos Obama. Mas uma imediata condenação cega da bandeira confederada, que se reveste de um significado bem mais profundo do que o que vem neste artigo. A grande questão era saber o porquê dos democratas daquela cidade permitirem uma contra-manifestação de anarquistas e supremacistas negros mas tentarem proibir a manifestação original de supostos "nacionalistas brancos"
  • Roque Almeida
    14 ago, 2017 Lisboa 11:35
    Dr. Francisco Sarsfield Cabral, na frase "... muitos polícias americanos, que não hesitam em disparar quando o suspeito é negro." esqueceu-se de acrescentar que muitos deles (uma grande parte) são também pretos. Aliás, são precisamente os pretos (raça) os mais racistas, inclusivamente entre eles. Já agora, não sou racista, mas porque é que dizer "preto" é racismo e "negro" não? Pela mesma lógica, chamarem-me branco também deveria ser racismo. Não será meramente devido a algum tipo de complexo da parte de algumas dessas pessoas?
  • António Costa
    14 ago, 2017 Porto 11:24
    É natural quererem correr à frente dos touros, dançar no gargalo dos poços, saltar e abrir o paraquedas no último momento e empunhar diferentes bandeiras para a coboiada, é a força da vida que irrompe no homem, a alegria de poder usufruir deste belo corpo depois de estar no limbo tantos tempos e temos de lidar com isso, repreender, corrigir e não achar graça. Como pode caber na cabeça de alguém que um gato preto é diferente de um gato pardo? Em letras muito pequeninas, antes que alguém mova forças para o atacar fico-lhe, pessoalmente muito grato pelo tempo que dispensou em escrever para mim e outros como eu que o leem com o respeito a que tem direito.
  • Nuno Batalheiro
    14 ago, 2017 Lisboa 10:09
    Além da tortura não referiu a pena de morte. Gostei muito