28 ago, 2017
No sábado passado, o Rei de Espanha, Felipe VI, participou pela primeira vez, nessa qualidade, numa grande manifestação contra o terrorismo, em Barcelona.
Na manifestação, o Rei foi assobiado e apupado, juntamente com o primeiro-ministro Rajoy. Como escreveu o “El País” em editorial, o fanatismo independentista rompeu a imprescindível unidade.
Tal fanatismo também se manifestou em marchas independentistas que terminavam no local da manifestação. Esta mais parecia em favor da independência catalã do que contra o terrorismo islâmico, que matou pelo menos 16 pessoas na sua última investida.
Por outras palavras, nem os trágicos atentados de Barcelona e arredores suspenderam a fúria independentista, apesar de a Catalunha ser uma região onde estarão mais ou menos escondidos muitos jihadistas.
Curiosamente, as sondagens mostram que a maioria dos residentes na Catalunha não quer a independência – embora reclame pronunciar-se em referendo sobre o assunto.
Só que a lei espanhola proíbe referendos sobre a independência de qualquer região autónoma, como é a Catalunha. Os dois maiores partidos espanhóis, o PP e o PSOE, são contra a independência da Catalunha e o referendo.
Ora, o governo e o Parlamento autonómicos marcaram para 1 de Outubro um referendo ilegal sobre a independência da Catalunha. O Estado espanhol está à beira de uma grave crise constitucional, pondo em confronto o governo central e o autonómico.
Já existe uma apreciável autonomia na região, como noutras de Espanha. A Catalunha tem um parlamento próprio, um governo regional, etc. E o catalão é língua oficial, a par com o castelhano.
Talvez seja possível alargar um pouco, mas não muito, o poder autonómico. Mas o PP e Rajoy reagem mal a que se diga que a Catalunha é uma nação – mas é, como são também o País Basco, a Galiza, etc.
O Estado espanhol é plurinacional, tal como o Reino Unido, a Alemanha, os Estados Unidos, etc. Considerar legalmente a Espanha um Estado federal, como acontece nesses países, não parece um problema do outro mundo. E talvez acabasse com os independentismos.