30 out, 2017
Não parece que a unilateralmente proclamada “independência” da Catalunha consiga ir além de um gesto simbólico. Tal como vários outros gestos que alguns catalães tentaram nos últimos séculos.
Os independentistas estão isolados internacionalmente. Nenhum país ou organização internacional reconheceu como válida a declaração unilateral de independência. Talvez a Venezuela, Cuba, a Coreia do Norte ou mesmo a Rússia o venham a fazer. Só que isso não daria o acesso a mercados de que a exportação da Catalunha necessita para sobreviver – desde logo a acesso ao mercado espanhol.
Não foi por acaso que mais de 1.500 empresas já mudaram as suas sedes de Barcelona para outros locais fora da Catalunha. A queda no turismo, bem como nas vendas do comércio catalão, prenunciam uma vaga de desemprego. E que moeda usaria a Catalunha, pois a prometida saída de Espanha significaria automaticamente a saída do euro?
Estes problemas económicos são descartados pelos principais autores da rebelião que levou à tal independência simbólica. São anticapitalistas e saúdam a saída das empresas como um benéfico afastamento de uma máfia. Outros dirão que há valores mais altos do que os do dinheiro – mas não parece terem convencido a maioria dos catalães. As últimas sondagens não são favoráveis aos independentistas.
A marca mais negativa desta independência simbólica é a fractura que provocou entre a população da Catalunha. Fractura que será tanto mais difícil de curar quanto mais tempo durarem o confronto e a tensão, com sucessivas manifestações a favor e contra a independência. E provavelmente com confrontos nas ruas, que agradarão aos anarquistas mas afugentarão visitantes estrangeiros e que complicarão a vida quotidiana dos residentes.