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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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OPINIAO

Independência simbólica

30 out, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Este confronto provocou uma grave fractura entre a população da Catalunha, que levará tempo a ultrapassar.

Não parece que a unilateralmente proclamada “independência” da Catalunha consiga ir além de um gesto simbólico. Tal como vários outros gestos que alguns catalães tentaram nos últimos séculos.

Os independentistas estão isolados internacionalmente. Nenhum país ou organização internacional reconheceu como válida a declaração unilateral de independência. Talvez a Venezuela, Cuba, a Coreia do Norte ou mesmo a Rússia o venham a fazer. Só que isso não daria o acesso a mercados de que a exportação da Catalunha necessita para sobreviver – desde logo a acesso ao mercado espanhol.

Não foi por acaso que mais de 1.500 empresas já mudaram as suas sedes de Barcelona para outros locais fora da Catalunha. A queda no turismo, bem como nas vendas do comércio catalão, prenunciam uma vaga de desemprego. E que moeda usaria a Catalunha, pois a prometida saída de Espanha significaria automaticamente a saída do euro?

Estes problemas económicos são descartados pelos principais autores da rebelião que levou à tal independência simbólica. São anticapitalistas e saúdam a saída das empresas como um benéfico afastamento de uma máfia. Outros dirão que há valores mais altos do que os do dinheiro – mas não parece terem convencido a maioria dos catalães. As últimas sondagens não são favoráveis aos independentistas.

A marca mais negativa desta independência simbólica é a fractura que provocou entre a população da Catalunha. Fractura que será tanto mais difícil de curar quanto mais tempo durarem o confronto e a tensão, com sucessivas manifestações a favor e contra a independência. E provavelmente com confrontos nas ruas, que agradarão aos anarquistas mas afugentarão visitantes estrangeiros e que complicarão a vida quotidiana dos residentes.

Comentários
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  • Pedro Silva
    04 nov, 2017 Lisboa 09:26
    Resumindo e concluindo o seu artigo, o melhor é o artigo 155 continuar a prender os representantes da «Generalitat» e a depositá-los em prisões de alta segurança, ao velho estilo do franquismo. Melhor ainda será a substituição de Carles Puidgemont na presidência por Soraya Santamaria. Há até quem pense que Mariano Rajoy teve esta brilhante ideia para simplesmente se ver livre desta pequena senhora, pois a sua presença no governo já incomoda um pouco. Como diz e bem o Dr. Sarsfield Cabral, para que queremos uma independência da Catalunha, se os únicos países a reconhecerem o seu estado seriam os maus do costume? Até a própria Coreia do Norte? Aonde é que o bravo e senil Dr. Sarsfield Cabral foi buscar esta ilusão factual?
  • pedro miguel
    30 out, 2017 19:23
    V/xª ate ia bem nos considerandos, tao lançado que se despistou. È o que se costuma dizer, meter os pes pelas maos, desde logo ao reconhecer que "as ultimas sondagens" etc coisa e tal. Interessa, e V/X`ª so pode sabe-lo bem, o sentimento dos catalaes face a espanha, que é de divorcio, de separaçao. Mas a catalunha é uma sociedade moderna, de todo nao quer guerra. Sugiro que faça outra sondagem , imaginando esta situaçao : a espanha nao so concede a independencia como vai colaborar , inclusive internacionalmente, para o reconhecimento. Mas V/Xª sai ainda mais ferido com essa coisa da fratura, e a alusao aos anarquistas só piora o estado. Insisto, V/XA sabe-o, o povo aspira á libertaçao de espanha. Sem guerra, garanto-o eu. Portanto, nao me compete tratar das feridas, sei que tambem alguns brancos defenderam o referendo em africa, ou seja, ate no continente o 25 de abril trouxe fraturas, interessa é saber se acredita que um referendo previo ao golp'e militar evitaria as mesmas. ? E , sim, começo a ficar preocupado. Intrigado por V/Xª nao esclarecer esta coisinha mas essencial : os dois partidos maiores e absolutos de espanha, nao obstante tambem concorrerem na catalunha, sao ai minoritarios. Porque sera que os catalaes nao votam na segurança desses partidos anti independentistas ? e, esta hem ?!
  • Eduardo
    30 out, 2017 Lisboa 19:15
    O Turbiquistão quer ser independente. Sim, deve ser, de acordo com os valores da liberdade, democracia, defesa da auto-determinação dos povos, humanidade, etc.... que definem o pensamento ocidental de cariz judaico-cristão plasmados nas constituições, nos tratados, nas convenções de isto e daquilo, assim como nas cartas daquilo e d´aqueloutro. A Catalunha quer auto-determinar-se... hummmm..... é melhor não...