19 dez, 2017
O ministro Vieira da Silva tinha uma imagem de um político honesto e competente; justificadamente, na minha opinião. Por exemplo, foi ele o autor da reforma de Segurança Social de 2006, a única reforma estrutural do governo de Sócrates.
Mas o caso da Raríssimas abala um tanto essa imagem. Não que Vieira da Silva seja suspeito de qualquer crime. Mas porque foi algo passivo no escândalo daquela instituição, denunciado pela jornalista Ana Leal numa reportagem da TVI.
Só depois dessa reportagem terá percebido o ministro que se passavam coisas graves na Raríssimas, instituição de cuja assembleia geral Vieira da Silva fora dois anos vice-presidente, com acesso às contas.
Ora, já em Janeiro deste ano os serviços do Ministério da Segurança Social – mas não, pelos vistos, o gabinete do ministro ou os dos seus secretários de Estado – haviam recebido uma comunicação escrita referindo sérias irregularidades na Raríssimas, incluindo gastos faustosos da sua presidente.
Ontem, em quase três horas numa audição parlamentar, o ministro falou muito e de muitas coisas, talvez para falar o menos possível da Raríssimas. Serviu-se de distinções especiosas entre irregularidades e gestão danosa para justificar que só com a reportagem da TVI se ter dado conta de que havia ali problemas.
Não respondeu a várias pertinentes perguntas, ainda que repetidas (sobretudo pelo CDS). E contra-atacou os seus críticos, para os descredibilizar – mas não para nos esclarecer. Foi pena.