10 jan, 2018
Na entrega dos Globos de Ouro, que premeiam personalidades do cinema e da televisão, cerimónia realizada na Califórnia no domingo passado, o momento alto foi o discurso apaixonado de Oprah Winfrey em favor dos direitos das mulheres – a começar pelo direito de não serem alvo de assédio sexual.
Logo surgiram vozes a propor que Oprah se candidate à Presidência da República, em 2020. Ideia louca? Nem por isso, uma vez que Trump é hoje Presidente dos EUA.
Tal como Trump, Oprah Winfrey é uma personalidade da TV. Durante 25 anos apresentou o “talk-show” mais visto da história da televisão americana. Também Trump tinha um “reality show” televisivo, mas a sua popularidade era inferior à que goza hoje esta actriz e apresentadora de 63 anos.
Oprah é agora uma milionária, como era e é Trump, só que ela partiu da pobreza, enquanto o Presidente dos EUA nasceu rico. Ela não tem experiência política, tirando o apoio a candidatos democratas? É verdade, mas qual era a experiência política de Trump? E Oprah parece francamente mais culta do que Trump (o que também não será difícil).
Pode lamentar-se que os eleitores americanos revelem sinais de preferir celebridades televisivas a políticos com provas dadas. Mas a falta de nomes atractivos num Partido Democrático muito dividido leva á procura de celebridades – já se referiram como possíveis candidatos presidenciais pelos democráticos Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, ou o actor George Clooney.
Também pode surgir nos EUA uma reacção inversa: face ao caos que Trump trouxe à Casa Branca (ele, que num dos seus “twitters” se considera um génio), os eleitores americanos podem sentir-se alérgicos a celebridades.
Faltam ainda mais de três anos para as próximas eleições presidenciais americanas. Mas não é muito tempo: as campanhas para essas eleições costumam demorar perto de dois anos.