25 mai, 2018
Quando, no passado dia 8, o presidente Trump anunciou a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irão, referi aqui que uma das consequências dessa decisão seria reforçar os islâmicos fundamentalistas naquele país e enfraquecer os moderados, como o Presidente da República iraniana, Hassan Rohani, que havia negociado o acordo. E também me mostrei cético quanto à prometida manutenção do acordo pelos países europeus que o subscreveram, Reino Unido, França e Alemanha.
O “guia supremo” Ali Khamenei, a mais alta autoridade religiosa e política do Irão, infelizmente confirma agora essas previsões. Ali Kahmenei nunca gostou daquele acordo; queria ter as mãos livres para fabricar armas nucleares. Na quarta-feira, o “guia supremo” não só considerou que aqueles três países europeus não merecem confiança por parte do Irão, como colocou várias condições a esses países para manter o acordo nuclear. Por exemplo, os países europeus não apenas deverão continuar a comprar petróleo ao Irão, como compensar, com compras adicionais, aquilo que os EUA deixarão de comprar. Os bancos europeus terão de continuar a financiar o comércio com o Irão. E Ali Khamenei não aceita negociar quaisquer limitações quanto ao programa iraniano de mísseis balísticos. Etc.
É óbvio que condições como estas, da parte do Irão, juntas às sanções americanas que, direta e indiretamente, prejudicarão empresas europeias que negoceiem com os iranianos, tornam inviável a manutenção, com algum significado útil, do acordo nuclear.
Trump apoia a Arábia Saudita, sunita, contra o Irão, xiita. E deixou de poder ser medianeiro no conflito israelo-palestiniano, pois tomou entusiasticamente o partido de Israel. Tudo isto agrava os perigos de guerra no Médio Oriente, quando a situação na Síria ainda não se encontra pacificada e muito menos em liberdade.
E não haverá cimeira de Trump com Kim Jong-un. Também ali as perspetivas de paz não são animadoras.