06 fev, 2019
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, quando anunciou que Portugal reconhecia Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, teve o cuidado de sublinhar que o governo português quer evitar uma guerra civil naquele país, bem como uma intervenção militar estrangeira. Esta, de resto, é a posição da UE.
O imediato reconhecimento de Guaidó por Washington leva a presumir que a corajosa atitude do presidente do Parlamento de Venezuela (ilegalmente marginalizado por Maduro) terá sido previamente combinada com Trump. Ora este continua a dizer que uma intervenção militar americana é uma possibilidade.
A história das últimas décadas registou várias intervenções militares dos EUA em vizinhos latino americanos. E, há dias, o Conselheiro Nacional de Segurança da Casa Branca, John Bolton, um “falcão”, referiu que estariam na Colômbia cinco mil soldados americanos.
Esta informação foi depois desmentida. E não se vêm indícios de que algo desse tipo se esteja a preparar. Assim, é possível que o facto de Trump insistir em que não está excluída uma intervenção militar na Venezuela seja, apenas, uma forma de pressão sobre Maduro.
Só que Trump não é um presidente normal… É impulsivo, egocêntrico e não gosta de ser contrariado. Lembremos a decisão sobre a retirada dos soldados americanos da Síria (entretanto parcialmente revertida), que surpreendeu e preocupou quase toda a gente. Daí que não seja sensato confiar na sensatez de Trump.
Uma intervenção militar americana na Venezuela, além de provocar um banho de sangue, tenderia a unir os venezuelanos em torno de Maduro ou, pelo menos, iria tirar o tapete à oposição, hoje claramente maioritária naquele país. Oxalá Trump não caia nessa asneira.