Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

​A Alemanha e a UE

13 mar, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A nova líder da CDU não quer transferir mais poderes dos governos nacionais para o nível supranacional europeu. E critica o que chama o “centralismo europeu”.

Como aqui foi comentado, Macron voltou a apresentar ideias e propostas para a revitalização da UE, ameaçada pela onda populista e eurocética. Mas o seu projeto inicial – relançar o eixo franco-alemão como motor dessa renovação – não tem, pelo menos por enquanto, condições favoráveis para se afirmar.

O que tem muito a ver com o gradual afastamento político de Angela Merkel, que ainda é chanceler (chefe do governo federal), mas já não é líder do principal partido que apoia esse governo, a CDU. Para esse cargo foi escolhida uma política próxima de Merkel, mas que em matéria europeia assume uma atitude mais prudente.

O partido eurocético Alternativa para a Alemanha é agora a principal força de oposição ao governo de coligação dos democratas-cristãos com os socialistas. E tem vindo a subir o seu apoio eleitoral. Por sua vez, os democratas-cristãos da Baviera, CSU, continuando ao lado da CDU no governo federal, mantém as suas reservas a avanços na integração europeia.

Daí que a provável sucessora de Merkel como chanceler da RFA, Annegret Kramp-Karrenbauer, tenha assumido num artigo de jornal uma posição de prudência face à UE. A atual líder da CDU não quer transferir mais poderes dos governos nacionais para o nível supranacional europeu. Critica o que chama o “centralismo europeu” e a comunitarização das dívidas públicas e da segurança social. “Não há qualquer versão de um super Estado europeu que seja compatível com uma Europa de Estados membros soberanos”, escreveu Kramp-Karrenbauer.

Mas a líder da CDU apoia as ideias de Macron quanto à defesa e à segurança da Europa, que incluem o Reino Unido, mesmo pós-Brexit. Sobre completar a união bancária da zona euro não se pronunciou. Assim como não referiu a conveniência de a Alemanha aumentar os seus investimentos públicos, agora que a economia germânica dá sinais de estagnação, mas o excedente externo alemão é o maior do mundo. Só que, neste ponto, também Merkel nunca avançou numa coordenação europeia de políticas orçamentais. Infelizmente, não parece vir a surgir aqui novidade.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Adelino Dias Santos
    13 mar, 2019 Mealhada 21:56
    Sr. Francisco Sarsfield Cabral, mais uma vez (não é a primeira) o Sr. confunde CSU (Christliche Soziale Union) e CDU (Christliche Demokratische Union). Esta, a CDU, é que é o partido da Srª. Merkel , cuja presidência deixou o ano passado, passando a mesma para a Srª. Annegret Kramp-Karrembauer, após eleição. A CSU, partido bábaro, limita-se apenas à Baviera, enquanto a CDU está em todos os restantes Estados Federais (excepto na Baviera, por acordo com a CSU).