29 abr, 2019
Nos piores anos da crise que trouxe a “troika” a Portugal, o país precisava dramaticamente de capital. O que facilitou a entrada de dinheiro e controle chineses em sectores estratégicos nacionais, como a energia. Foi e é um risco, que o futuro talvez diga que valeu a pena correr.
O Presidente da República está na China e quer “um salto qualitativo” no relacionamento económico luso-chinês – mais investimento chinês em Portugal, na criação e não apenas na compra de empresas; mais exportações portuguesas para a China. O problema do investimento chinês, incluindo por parte de empresas ditas privadas, está em não ser fácil perceber até que ponto esses investimentos são ditados por motivações económicas ou se também envolvem desígnios políticos, como alargar a esfera de influência internacional da China.
O Presidente Xi Jinping lançou um gigantesco programa de infraestruturas fora do país, a que chamou “Uma Faixa. Uma Rota”. 37 chefes de Estado ou de governo (entre os quais o Presidente Marcelo) estiveram reunidos num fórum em Pequim a debater esse programa.
Metade dos países da UE, incluindo Portugal, aderiu ao programa. Os outros Estados membros, que são os de maior dimensão, têm dúvidas. A Comissão Europeia recomenda cautela. Já os EUA estão claramente contra participar nessa nova “rota da seda”, receando a influência chinesa.
Pelo contrário, o secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou vivamente a iniciativa de Pequim. A Rota “ajudará muitos países a alcançarem os seus objetivos de desenvolvimento sustentável”, afirmou Guterres, que apelou a que se aproveitassem bem as oportunidades; isto significa, por exemplo, que a ONU apoiará investimentos amigos do ambiente.
O Presidente Xi Jinping reconheceu agora existirem dúvidas e receios levantados pela “Uma Faixa. Uma Rota” e prometeu maior abertura e maior transparência nesta iniciativa. Oxalá cumpra a promessa.
Quanto a Portugal, a atitude oficialmente proclamada é “descomplexada, mas não ingénua”. Ou seja, importa vigiar com cuidado os projetos e os investimentos deste grande programa em que Portugal venha eventualmente a participar. E atuar em função disso.
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