03 jul, 2019
O Serviço Nacional de Saúde tem hoje mais profissionais do que tinha há quatro anos. O ministro das Finanças divulgou dados sobre a matéria, que devem ser encarados com reserva. Primeiro, porque boa parte do dinheiro orçamentado para o SNS não tem sido realmente gasta. Depois porque, em todo o lado, a saúde é um sector que requer cada vez mais dinheiro, para pagar a profissionais, para comprar e manter novos equipamentos de diagnóstico e tratamento, e ainda, para utilizar medicamentos eficazes, mas frequentemente caríssimos.
É um dos efeitos do envelhecimento da população, que em Portugal é muito rápida. Claro que é positivo as pessoas viverem mais tempo; só que, para manterem na velhice uma razoável qualidade de vida, terão de recorrer a mais cuidados de saúde do que quando eram novas.
Não é só em Portugal que muita gente vai às urgências hospitalares por motivos de angústia, mas sem real necessidade - em França, por exemplo, as idas às urgências duplicaram nos últimos vinte anos, grande parte delas sem justificação médica. Há um século, em Portugal, não passava pela cabeça dos pobres (que eram a maioria da população) recorrer a médicos e a hospitais, a não ser, porventura, em circunstâncias muito excecionais.
Por outro lado, tanto os mais recentes meios de diagnóstico como numerosos medicamentos de ponta são agora extremamente caros. Ora o SNS nasceu para que o acesso aos progressos da medicina e da indústria farmacêutica não beneficie apenas os ricos.
Os problemas que todos os dias se multiplicam entre nós na área da saúde são também consequência dos cortes cegos na despesa pública. Cegos porque não foi avaliado onde seria preciso mais financiamento e onde, na Administração Pública, teria sentido cortar despesa.
É o custo de uma austeridade disfarçada, uma vez que a “geringonça” não permitiu qualquer redução de custos com o pessoal, mesmo em organismos do Estado perfeitamente inúteis ou até prejudiciais, visto que tentam justificar a sua existência multiplicando obstáculos burocráticos.