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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​25 de novembro de 1975

25 nov, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


São diferentes as posições da extrema esquerda e da extrema direita quanto ao 25 de novembro de 1975. Hesitante é a posição do PS, esquecendo que foi então o grande opositor político a uma nova ditadura em Portugal.

Celebrar o 25 de novembro de 1975 incomoda a extrema-esquerda. É natural: o que então aconteceu evitou que o país fosse submetido a nova ditadura, desta vez supostamente “do proletariado” - era preciso, diziam, “quebrar a espinha à burguesia”. Entretanto, os radicais de esquerda parece pouco ou nada terem aprendido com o que se passou com o comunismo soviético ou com o trágico maoismo chinês.

Mais estranha foi a abstenção do PS, no Parlamento, a um voto de saudação ao 25 de novembro proposto pelo CDS, voto chumbado, apesar de sete deputados socialistas terem apoiado a proposta. Mas não foram Mário Soares e o PS o grande obstáculo político à deriva totalitária da extrema esquerda (o obstáculo militar centrou-se em Eanes e nos militares do chamado “grupo dos nove”)?

Claro que foram. Mas o PS atual, com honrosas exceções, está mais virado para a esquerda, incluindo a mais extrema e menos democrática. Quanto à extrema direita, que com o Chega começa a levantar a cabeça, descobriu que o 25 de novembro lhe poderia render clientela.

A esse propósito escreveu aqui Graça Franco: “O Senhor Chega não pode chegar, assim de repente, e reivindicar para si, como quem não quer a coisa, a mais importante vitória do pós-25 de abril (o 25 de novembro). É caso para dizer que chegou tarde demais a esta luta que, não sendo de todos, foi de muitos mais do que o Chega parece querer fazer crer e gostaria que tivesse sido”. E mais adiante: “O senhor Chega quer comemorar a ação dos Comandos no 25 de novembro? É justo. Mas talvez baste comemorá-la no próprio 25 de abril. Aí juntos os militares salvaram a Pátria. Depois, evitaram apenas uma nova recaída”.

Curiosamente, os dirigentes do Chega e do Partido Nacional Renovador apareceram na manifestação de polícias e guardas republicanos vestindo a camisola branca dos manifestantes radicais. Os tais que voltam as costas aos políticos, incluindo à Assembleia da República e ao Presidente Marcelo. Gente que tanto diz prezar a autoridade do Estado, de preferência ditatorial, não hesita em a desafiar para conquistar adeptos entre as forças de segurança.

O líder do Chega até discursou na manifestação, suscitando o desagrado da associação da GNR. E o líder do PNR evocou aos jornalistas, entre outros movimentos do seu agrado, os apoios no Brasil a Bolsonaro, um ardente defensor da ditadura militar e da tortura.

O fascismo do séc. XXI não é muito diferente do fascismo do séc. XX.

Comentários
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  • António Silva
    26 nov, 2019 12:16
    Salvo o devido respeito, o Dr. Sarsfield Cabral insiste em não querer ver que os "fascismos" (tal como os "comunismos") radicam na injustiça, na vacuidade e na desumanidade em que as democracias liberais são cada vez mais pródigas. Porque o capitalismo, no seu pior, as capturou. Por isso, é essencial que antes de demonizar as consequências se exorcizem as causas. Tornando as democracias uma realidade tangível e não uma falácia, como está a suceder. Meu caro Liberato - tem razão
  • LIBERATO
    25 nov, 2019 Almada 12:38
    Tenho a convicção de que há muitos anos- demasiados- as pessoas neste país são tratadas como lorpas pelo establishment, o qual, notoriamente, está mais focado nas suas coisinhas. Tenho a impressão de que não estou sozinho nesta convicção. Talvez esteja na altura de abanar as coisas.
  • César Augusto Saraiva
    25 nov, 2019 Maia 12:28
    Com todo o respeito e muito grato pelo esclarecimento, acho que a frase final ficaria melhor com um «Assim como o comunismo do séc. XX não é muito diferente do comunismo do séc XXI»... Isto pela fidelidade do nosso PCP...
  • Atento
    25 nov, 2019 Leça da Palmeira, Matosinhos 12:21
    Xiquinho Deixa-te de conversa fiada. É fundamental sabermos quem está com o 25 de Novembro de 75 que a "esquerdalha" (partidos e comunicação social) já tinha apagado da nossa História. É preciso o "Chega" aparecer para sabermos quem se mantém na toca ... até que enfim ... Vasco