30 dez, 2019
Em outubro de 2011 foi assassinado Kadafi, o ditador líbio. Depois da morte do tirano e dos ataques aéreos ocidentais que o precederam, o caos instalou-se na Líbia. Não existe ali qualquer coisa que possa classificar-se de “Estado”.
Vários grupos armados lutam entre si e tornam a vida insuportável aos desgraçados líbios. Há dois principais polos de poder: um governo baseado em Trípoli, reconhecido pela ONU e apoiado pela Itália, pelo Qatar e pela Turquia. E o governo de Tobruk, mais a Leste, pelo qual combate o general Hafter. O governo de Tobruk conta com o apoio da Rússia, do Egito, dos Emiratos Árabes Unidos e de vários países europeus, como a França (em parte porque Hafter foi um combatente contra o “Estado Islâmico”).
Hafter lançou há nove meses um grande ataque contra o governo de Trípoli. Desde abril que as suas forças cercam Trípoli, onde aumentam dramaticamente as mortes de civis.
A novidade está em que a Turquia irá enviar forças militares para apoiar o governo de Trípoli. Entre Erdogan e o governo de Trípoli foi celebrado um acordo de cooperação militar.
Ora os russos, que na Síria se aproximaram dos turcos na luta, assaz sangrenta, contra os rebeldes adversários do tirano Bashar al Assad, combatem na Líbia a favor do general Hafter… É Erdogan quem o diz: dois mil russos estão presentes no conflito líbio, concretamente nas forças de Hafter, através de uma “empresa de segurança” russa, chamada Wagner, ou seja, de mercenários (um método de intervenção não oficial que Putin costuma utilizar).
Apesar da aproximação de Erdogan a Putin, a Turquia e a Rússia irão enfrentar-se militarmente na Líbia, direta ou indiretamente. Percebe-se que Erdogan queira aumentar o seu prestígio no mundo muçulmano. Mas como conseguirá assim manter a sua aposta num entendimento com Putin, que tantos problemas coloca à NATO, aliança militar de que a Turquia é país membro?
A crescente internacionalização do caos líbio não facilitará a paz naquela martirizada região.