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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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A derrota dos moderados no Irão

26 fev, 2020 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Como era de prever, as eleições no Irão reforçaram a teocracia e castigaram os moderados. O abandono pelos EUA do acordo nuclear de 2015 e as duríssimas sanções económicas americanas abalaram seriamente as perspetivas políticas dos islâmicos moderados no Irão.

Não surpreenderam os resultados das eleições no Irão – vitória das forças políticas mais fundamentalistas e avessas a reformas. A teocracia islâmica sunita saiu reforçada, como era de esperar.

A derrota dos moderados explica-se, em parte, pelo facto de muitos deles – mais de metade dos moderados que se pré-candidataram - terem sido impedidos de ir a votos pelo poder teocrático. Não foram eleições livres e justas.

Mas não há dúvida de que o apoio dos iranianos a políticos moderados diminuiu muito com o abandono dos EUA do acordo nuclear de 2015. Quem liderou as negociações para esse acordo, do lado do Irão, foi o presidente Rohani, um moderado cuja cotação está agora em baixa.

Os iranianos esperavam que aquele acordo melhorasse a sua vida económica. Mas como Trump o rasgou e impôs duríssimas sanções económicas ao Irão, o país encontra-se em forte recessão. E recentemente os EUA mataram o coordenador das ações terroristas no exterior do país, patrocinadas pelo Irão.

Há dois meses houve grandes manifestações no Irão contra a subida do preço dos combustíveis. Depois, muitos iranianos protestaram contra o trágico engano que levou ao abate de um avião comercial ucraniano, confundido com um míssil. Agora, quando o Irão é um dos países exteriores à China mais atingidos pelo corona vírus, reina a desconfiança nas informações que o poder político do país presta sobre o assunto.

Mas nada disto se refletiu significativamente nas recentes eleições pouco democráticas. Quando muito, terá contribuído para a forte abstenção registada (57%).Rohani é alvo, hoje, da frustração do povo iraniano.

Foi reforçado o poder da maior autoridade do país, o “ayatollah” Ali Kamenei, que nunca apreciou o tal acordo nuclear e anunciou intensificar a luta contra os americanos. De notar que, apesar da crise económica que o Irão atravessa, as suas despesas militares não diminuíram. Prioridade à bomba nuclear, portanto.

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