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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Combater a fome

27 mai, 2020 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Na recuperação económica e social, o Estado deve contar com o chamado sector social, mais de 70 mil entidades que no país trabalham, não para o lucro, mas para auxiliar os mais desprotegidos. Essas entidades estão agora aflitas com o súbito e enorme aumento das solicitações que lhes são dirigidas. Precisam de mais apoio estatal.

O Governo ouviu os partidos sobre o programa de combate à crise económica e social decorrente da pandemia. Trata-se de um programa intercalar, que apenas poderá ser completado quando forem conhecidos os apoios que o país irá receber da UE, o que pode demorar ainda várias semanas. Hoje a Comissão Europeia apresenta a sua proposta, mas esta terá que ser aprovada em Conselho, o que apresenta dificuldades, bem como no Parlamento Europeu, onde será decerto bem recebida.

A fome já atinge muita gente em Portugal e tem que ser combatida. Nessa tarefa inadiável o Estado deve contar com o chamado sector social, mais de 70 mil entidades que trabalham, não para o lucro, mas para auxiliar os mais desprotegidos.

O sector social tem vindo a crescer em Portugal, até por causa do crescente envelhecimento da população portuguesa. Ora as instituições sociais conhecem bem melhor do que o Estado quem realmente precisa de apoio. Recorde-se o falhanço estatal quanto à menina Valentina, de nove anos, morta pelo pai. Não estou a culpar ninguém, apenas lembro o que é óbvio: a nossa Administração pública não tem meios, nomeadamente humanos, para acompanhar de perto e em permanência esse tipo de situações.

A brutal crise económica e social que se abateu sobre a sociedade portuguesa e mundial suscitou a multiplicação de pessoas que caíram da classe média baixa para a pobreza absoluta – mas que têm vergonha de pedir comida. As instituições sociais estão, em geral, mais próximas combater a fome. do relançamanto quem realmente precisa.itou a multiplicaç. Recorde-se o flhanço dessas pessoas, por isso terão mais possibilidades de detectar quem realmente precisa. O problema é que essas instituições viram multiplicar-se enormemente os pedidos de ajuda, ultrapassando largamente os seus recursos.

Infelizmente, houve atrasos nos pagamentos do Estado a várias IPSS, como reconheceu o secretário de Estado da Saúde. O que talvez se compreenda dadas as inúmeras solicitações a que a nossa Administração pública foi e é alvo, para o que não estava preparada (ninguém estava).

O Estado deve financiar as instituições sociais, não só não atrasando pagamentos prometidos como indo um pouco mais longe. É que a prioridade do relançamento económico e social deve ser combater a fome.

Comentários
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  • César Saraiva
    28 mai, 2020 Maia 20:02
    Lamentável o estado a que se chegou! Quem diria, um país com 900 anos de História!; Um país que há quase 50 anos fez a Revolução mais civilizada do Mundo!; Um país que fez a Descolonização mais exemplar, com base nos "3D" que faltavam ao país: Descolonização; Desenvolvimento e Democracia!... É este o resultado que apresenta ao povo?! Francamente!!!... Mas convenhamos que, por mais ajudas que as instituições possam dar, a solução deste flagelo da fome não passa por elas. O problema real são os baixos salários que não permitem que um trabalhador, por mais que trabalhe, 30, 40 ou 50 anos, continue sempre pobre, se não com verdadeira fome, mas porque não consegue um "pé-de-meia" a que se possa agarrar no mais pequeno percalço. Tem de se acabar com esta vergonha do "chapa ganha/chapa batida". Agora que estamos todos neste malfadado tormento da pandemia, com as bocas cheias de boas palavras, tais como «somos todos iguais; temos de arranjar um novo normal; temos de descobrir novos paradigmas; já não podemos voltar ao antes», etc.etc., devíamos começar por rever a situação dos salários, a começar pelo salário mínimo nacional. 1º, se há um mínimo também tem de existir um salário máximo; 2º, não se compreende como é que uma empresa que não pode pagar mais de 650 euros a 6 ou 10 trabalhadores, mas, no entanto, a mesma empresa, pode pagar 10, 15 ou 20 vezes mais a um dirigente, ou ao tal dito "CEO"!... Pura humilhação; Desumanidade que não pode continuar a partir deste "novo normal"...