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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Tentar perceber

Kamala Harris contra Trump

15 ago, 2020 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A escolha de Kamala Harris para ser candidata a vice-presidente dos EUA foi em geral bem aceite, incluindo pela esquerda do partido democrático. Aumentaram, assim, as perspetivas de Trump não ser reeleito em 3 de novembro, mas ainda falta demasiado tempo para o declarar vencido.

Trump declarou-se algo surpreendido por Joe Biden ter escolhido Kamala Harris para candidata do partido democrático à vice-presidência. O que surpreende é a surpresa de Trump, que provavelmente esperava um alvo mais fácil de atacar – uma política de extrema-esquerda, por exemplo, da área do socialista Bernie Sanders.

Kamala Harris está certamente à esquerda de J. Biden, um centrista, mas não se enquadra na ala esquerda radical do partido democrático; o que, a acontecer, limitaria as possibilidades de ser eleita.

Esta advogada tem uma longa carreira política, na qual se inclui ter sido procuradora do distrito de S. Francisco, procuradora geral da Califórnia e senadora federal, o que projeta uma imagem de alguém para quem a lei e a ordem são valores importantes.

Claro que tal não impediu Trump e os seus colaboradores de cobrirem K. Harris com uma chuva de insultos. Disseram que é falsa, mentirosa, medíocre, hipócrita, pertence à esquerda radical, é a pior, a mais horrível e a mais desrespeitosa de todos no Senado, etc. Nada de novo a acrescentar ao estilo de Trump quando fala de adversários políticos, apenas reduz ainda mais a credibilidade dos ataques verbais a K. Harris.

Talvez a surpresa de Trump tenha algo a ver com um duro ataque de Kamala Harris a Joe Biden no segundo debate das eleições primárias entre os pretendentes a candidato do partido democrático às eleições de novembro.

Kamala Harris censurou Joe Biden por, no passado, ter colaborado com senadores racistas. Mas quando K. Harris desistiu da corrida, disse apoiar J. Biden – e este, não sendo um político excecional, é uma pessoa decente, que não guarda rancores e por isso aceitou o seu apoio e a escolheu agora.

A experiência de Kamala Harris, de 55 anos, também é um trunfo. Joe Biden, se ganhar a eleição, iniciará o mandato de presidente com 77 anos. A hipótese de Biden adoecer gravemente e até poder morrer na presidência não pode ser esquecida – ora, suceder-lhe Kamala Harris nesse cargo não parece um desastre.

K. Harris é mulher, mas também era mulher Hillary Clinton e perdeu. Só que Kamala não suscita os anticorpos de Hillary. Sendo uma mulher de cor, filha de pai jamaicano e de mãe indiana, ela deve suscitar apoio em comunidades étnicas minoritárias. Até porque Kamala Harris participou ativamente nos protestos antirracistas das últimas semanas.

Aumentaram, assim, as perspetivas de Trump não ser reeleito em 3 de novembro, mas ainda falta demasiado tempo para o declarar já vencido.

Comentários
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  • Anónimo
    17 ago, 2020 20:08
    Ó João Lopes, a Kamala Harris pagou-te para fazeres propaganda a favor dela? É que isso tudo que mencionaste parece uma questão de bom senso, o que seria mau era se Kamala Harris não defendesse isso.
  • João Lopes
    17 ago, 2020 12:18
    Kamala-Harris defende o casamento homossexual e a adoção de crianças por casais gays; copatrocinou uma legislação que tiraria a marijuana da lista de substâncias controladas e eliminaria o registo de crimes relacionados com a droga; Kamala apoia o financiamento público para os serviços de aborto e opõe-se à notificação dos pais em caso de abortos em menores de idade».
  • Anónimo
    16 ago, 2020 01:28
    Se este senhor acha que Bernie Sanders, que defende coisas básicas como a criação de um Serviço Nacional de Saúde, até agora inexistente naquele país de 3º mundo, é de extrema-esquerda, então precisa de ser internado urgentemente!