30 jul, 2021
Nas últimas semanas multiplicaram-se os fenómenos climáticos extremos. Houve chuvas torrenciais na Alemanha, provocando muitos mortos e desaparecidos. Também na Bélgica, na Suíça e até em Londres se registaram cheias. Na Índia e na China as enxurradas foram este ano particularmente violentas.
A região mais fria da Sibéria, onde os termómetros descem no inverno aos 67 graus centígrados negativos, agora registaram 38 graus positivos. Uma onda de calor atingiu o Canadá, uma outra levou os termómetros a registarem 40 graus na Groenlândia. Na Lapónia (Finlândia) as temperaturas mínimas situaram-se recentemente nos 30 graus.
Gigantescos incêndios florestais lavram na Califórnia – o fumo já atravessa toda a América do Norte, chegando a Nova York e a Washington, na costa Leste dos EUA. Na Sibéria mais de 600 mil hectares de floresta foram consumidos pelo fogo. Na Europa grandes incêndios afetaram a Catalunha e a Sardenha.
Uma seca mortífera cresce em África e também no Estado brasileiro de São Paulo. Nas zonas polares o degelo acelera, provocando uma subida do nível das águas do mar que chegará até nós dentro de anos.
Poderia acrescentar mais exemplos dos efeitos das alterações climáticas, mas estes chegam para tornar evidente que a situação é séria. E provavelmente será agravada nos próximos anos.
Já não bastam as medidas visando reduzir a emissão de CO2, as quais provavelmente não serão tão radicais quanto seria necessário. Fala-se agora na necessidade adicional de outro tipo de medidas, por exemplo de contenção das águas nos leitos de alguns rios e do mar, de modo a travar inundações. Portugal tem uma longa costa marítima a exigir proteção, até porque ali vive muita gente.
Perante tudo isto, será de apontar pesadas responsabilidades aos negacionistas, aqueles que – como Trump e Bolsonaro – não levaram a sério as alterações climáticas, como também desvalorizaram durante meses a pandemia da Covid-19. Uma “gripezinha”, dizia Bolsonaro. Viu-se.
Muitos milhares de mortes teriam sido evitados com outra atitude. Nos EUA vários governadores estaduais republicanos, que começaram por seguir a linha negacionista e anti vacinas de Trump, arrependeram-se e mandam agora vacinar – temendo ser penalizados nas urnas por causa dessa irresponsabilidade.
Por outro lado, não parece ser esta a ocasião oportuna para alguns multimilionários, como Jeff Bezos e Elon Musk, se lançarem numa caríssima e muito poluente corrida espacial.
Os fracos benefícios científicos dessa corrida não justificam os seus custos.