Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

A Reserva Federal e a economia americana

06 set, 2021 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O atual presidente da Reserva Federal, J. Powell, nomeado por Trump, foi por este muito criticado. Sob a orientação de Powell a Fed lançou em 2020 um gigantesco programa de compra de títulos no mercado. Mas esses estímulos serão agora reduzidos.

Em 2018 Jerome Powell foi nomeado por Trump para presidente da Reserva Federal (banco central dos EUA).

No início do seu atual mandato J. Powell subiu os juros diretores da Fed, o que lhe valeu furiosos protestos de Trump. Powell não alimentou então uma guerra de palavras com o Presidente, limitando-se a mostrar com firmeza que a Fed é independente do poder político.

Quando a pandemia da covid-19 se manifestou em força nos EUA, quase paralisando a economia americana em março de 2020, J. Powell baixou a taxa de juro da Fed praticamente para zero. E, sob a sua orientação, a Fed lançou um gigantesco programa de compra de títulos no mercado – não apenas títulos da dívida pública americana, mas também, e pela primeira vez, obrigações de empresas privadas.

Durante a pandemia a Fed comprou uma quantia equivalente a 18% do PIB dos EUA, ultrapassando largamente o que fizera na crise financeira de 2008. Comentou o semanário “The Economist” que, além disso, Powell procurou melhorar a forma de comunicar da Fed, dirigindo as suas mensagens para o americano comum e não para os economistas.

Já no corrente ano a inflação nos EUA deu sinais de um regresso, ultrapassando os 5% na subida dos preços no consumidor, o que alertou os críticos da política monetária expansionista da Fed. Mas J. Powell não se precipitou e deu ouvidos à preocupação dos que receavam que um corte demasiado rápido nos estímulos monetários da Fed levasse a uma quebra no crescimento económico dos EUA.

Ora as tensões inflacionistas abrandaram em julho e agosto deste ano na economia americana, justificando a prudência de J. Powell. Depois disso, os enormes danos provocados pelos gigantescos incêndios florestais na Califórnia e pelos furacões na costa Leste dos EUA exigem uma política monetária não demasiado restritiva.

No passado dia 27 de agosto J. Powell levantou o véu sobre que a Fed tenciona fazer. Disse Powell que ainda neste ano de 2021 devem começar a diminuir os estímulos monetários da Fed, basicamente a compra de ativos, atirando para mais tarde uma subida dos juros.

O mandato de Powell termina em fevereiro de 2022. Tudo indica que o Presidente Biden o nomeará para um segundo mandato à frente da Fed.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • António J G Costa
    07 set, 2021 Cacém 11:33
    Ter conhecimentos profundos numa àrea técnica é muito importante. A Boa Fé faz o resto. Infelizmente, que quem decide em Democracia são as pessoas na grande maioria, com uma ignorância quase total sobre os mais diversos assuntos. Felizmente, que o bom senso popular compensa esta enorme falta de conhecimentos. O problema é que áreas técnicas tem sido invadidas pelo "chico-espertismo". E decisões estupidas e absurdas tem vindo cada vez mais a ter lugar. O caso que referiu no seu artigo, é uma honrosa excepção.