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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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A França e a integração europeia

15 dez, 2021 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Praticamente desde o início do processo de integração europeia, os franceses mostraram-se ambivalentes face à Europa comunitária. Hoje mantêm-se dúvidas e incertezas. Ao contrário, por exemplo, do que vemos na Alemanha, com o seu novo governo tricolor claramente pró-UE.

No primeiro semestre de 2022 a França presidirá à UE. O presidente francês, Macron, é um europeísta; defende o reforço da soberania da União, nomeadamente o reforço das suas fronteiras externas.

A França foi um dos países fundadores da integração europeia. Foi decisiva a reconciliação com a Alemanha, após duas guerras mundiais desencadeadas pelos alemães. Mas, praticamente desde o início do processo de integração, os franceses mostraram-se ambivalentes face à Europa comunitária.

Assim, após o lançamento da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, a Assembleia Nacional francesa chumbou a projetada Comunidade Europeia de Defesa.

Mais tarde, já na Comunidade Económica Europeia, o então presidente de Gaulle manteve durante longos meses vazia a cadeira francesa no Conselho, por não querer aceitar votações por maioria.

Em 1992 o tratado de Maastricht criou a moeda única europeia. A França empenhara-se no que viria a ser o euro, para se libertar do poder do marco alemão.

Apesar disso, Mitterrand pressentiu as dúvidas da opinião pública francesa e suscitou um referendo sobre o assunto – em setembro de 1992 o “sim” à moeda única passou por uma unha negra em França.

Num outro referendo, em 2005, os franceses rejeitaram a chamada constituição europeia (de facto, um tratado constitucional).

Nos últimos 20 anos o partido de Le Pen (pai) e de Marine Le Pen tem conduzido uma permanente campanha contra a UE. Agora a França conta com mais um extremista eurocético, Eric Zemmour, candidato nas eleições presidenciais de abril.

O risco de vir a ser eleito um presidente hostil à integração europeia curiosamente diminuiu. Le Pen e Zemmour dividem o eleitorado contrário à UE.

E no centro-direita surgiu uma candidatura de alguém que poderá disputar com Macron a segunda volta das eleições presidenciais. Trata-se de Valérie Pécresse, uma política moderada que preside uma região (Ile de France) que conta mais de 12 milhões de habitantes.

A concretizar-se esta possiblidade (não é uma probabilidade) talvez se reduza a imprevisibilidade da política europeia em França.

Mas a opção europeísta ainda continuará envolta em dúvidas e incertezas neste país.

Ao contrário, por exemplo, do que vemos na Alemanha, com o seu novo governo tricolor claramente pró-UE.

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