11 abr, 2022
Perante um forte surto inflacionista, os governos, incluindo o português, procuram atenuar os efeitos da alta dos preços no poder de compra das famílias e nas finanças das empresas. Mas esta intervenção de emergência, que é justa, não combate a inflação.
Aliviar pessoas e empresas não elimina o custo da inflação para a economia dos países, apenas redistribui esse custo de forma diferente. O dinheiro do Estado envolvido nesses alívios irá fazer falta; algumas despesas públicas – incluindo despesas sociais e investimento público – poderão ter que ser cortadas. Também existe a hipótese de aumentar impostos, uma possiblidade que não é aconselhável em Portugal, pois entre nós a carga fiscal atingiu em 2021 um máximo histórico.
Indexar os salários à inflação é uma medida de que se fala. Só que a experiência mostra que a indexação eterniza a alta dos preços, entrando-se numa espiral inflacionista, uma vez que fortalece as expectativas das pessoas nesse sentido. Por isso A. Costa insistiu que a presente inflação é “conjuntural e transitória”, procurando evitar expectativas inflacionistas.
Por outro lado, importa ter presente o modo como certas medidas influenciam positiva ou negativamente o comportamento dos consumidores. Baixar o custo dos combustíveis, descendo os impostos que representam mais de metade do seu preço, não induz a poupar petróleo e pode atrasar a transição energética para fontes de energia não poluentes.
Por isso as medidas de atenuação dos efeitos da alta de preços no poder de compra das famílias e nas finanças das empresas que envolvem menos reflexos negativos são os apoios diretos aos rendimentos das pessoas e das empresas. O Governo já anunciou várias. Outras serão necessárias.