09 mai, 2022
A 9 de maio de 1950 o então ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Robert Schuman, pronunciou um discurso que ficaria na história. Schuman propôs aos países europeus gerirem em comum os sectores do carvão e do aço, indústrias muito ligadas à guerra. Esta data tornou-se Dia da Europa.
Schuman queria evitar a guerra. Concretamente, preconizava que França e Alemanha se unissem na gestão do carvão e do aço. Dois históricos inimigos, que desde 1870 se tinham enfrentado três vezes, duas delas em guerras mundiais.
Assim, menos de cinco anos após o fim da II Guerra Mundial, a França e a Alemanha faziam parte, juntamente com a Itália, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo, da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
(CECA).
R. Schuman só em 1919 se tornara cidadão de França. Nascido no Luxemburgo, Schuman assumira a nacionalidade alemã do pai, Pierre – que nascera francês mas se tornou alemão quando a Alsácia-Lorena foi anexada pela Alemanha em 1871, no final da guerra entre a França e a Prússia.
Compreende-se que um homem com esta história de vida se empenhasse na reconciliação franco-alemã. Depois da CECA surgiria a Comunidade Europeia de Defesa (CED). Só que a CED não passou do papel. O Tratado de Paris, de 1952, assinado pelos seis países da CECA, não foi ratificado na Assembleia Nacional francesa; os deputados gaullistas e os comunistas votaram contra. A partir daí a integração europeia avançou sobretudo na área económica.
Mas estas iniciativas, inspiradas em R. Schuman, mostraram como lutar pela paz não significa esquecer a defesa e a segurança. Esse esquecimento, que de certo modo aconteceu na Europa depois do malogro da CED, é uma irresponsabilidade.
Veja-se, hoje, como a posição agressiva da Rússia de Putin está a levar países tradicionalmente neutrais, a Suécia e a Finlândia, membros da UE, a candidatarem-se a membros da NATO. Fazem-no porque na NATO se sentirão mais protegidos contra eventuais agressões russas.