05 ago, 2022
O Brasil instalou em 1996 um sistema eletrónico de voto, que tem funcionado em eleições federais e estaduais. Não há notícia de irregularidades graves nestes 26 anos.
No próximo dia 3 de outubro realiza-se a primeira volta da eleição presidencial. Haverá segunda volta com os dois candidatos mais votados, se nenhum deles tiver obtido mais de 50% na primeira volta.
O presidente Bolsonaro é candidato à reeleição. As sondagens colocam-no a uma certa desvantagem de Lula. Certamente por isso, Bolsonaro tem multiplicado as acusações ao sistema eletrónico, sugerindo que poderá não aceitar uma derrota eleitoral.
Bolsonaro segue, assim, a linha de Trump, que ainda hoje reclama, contra todas as provas em contrário, ter sido ele o verdadeiro vencedor das eleições presidenciais nos EUA, em 2020. Bolsonaro acrescenta a novidade de, antecipadamente à votação, indiciar que só aceitará uma vitória eleitoral, classificando de inválida uma vitória do seu principal adversário.
Ele diz que o sistema eletrónico de voto não é fiável. Mas não aponta problemas concretos que, se fossem identificados, até poderiam conduzir a soluções, nos próximos dois meses, ou seja, antes da votação. Não é isso que interessa a Bolsonaro.
Assistimos, no Brasil, a uma entorse fatal à democracia representativa. Se uma eleição não dita o vencedor, a democracia perde sentido útil. Por isso Trump e Bolsonaro são dois perigosos adversários da democracia.