10 ago, 2022
Como se sabe, a localização de um novo aeroporto de Lisboa é tema de discussão há 50 anos. Julgo que ninguém estará interessado em prolongar este triste “record” nacional de indecisão, como às vezes parece.
Não tenho qualificações para comentar aeroportos. Mas, desde que se falou no Montijo, para ali colocar um aeroporto em paralelo ao da Portela, que me desagrada essa possível solução.
Desde logo, por motivos ambientais, que são de dois tipos. Primeiro, a agressão que seria feita às muitas espécies de aves que por ali se encontram. Depois, não menos importante, porque a opção Portela-Montijo iria agravar o ruído que já incomoda um grande número de residentes na grande Lisboa.
Segundo a Agência Europeia do Ambiente, a capital portuguesa é a segunda capital europeia mais exposta ao ruído do tráfego aéreo.
Encontrei esta informação num artigo do Prof. Carlos Matias Ramos, no jornal “Público” de 7 do corrente mês. Mas encontrei mais.
Nesse artigo criticam-se certas opiniões, que são avançadas sem sequer uma tentativa de fundamento justificativo.
É o caso, por exemplo, da defesa do Montijo como solução mais barata e de construção mais rápida. Lembra o autor do artigo que a construção do aeroporto no Montijo terá de ser feita totalmente de raiz.
Ora, em Alcochete “podemos construir, numa fase inicial, uma pista com 4.000 metros de comprimento, permitindo o dobro da capacidade de movimentos por hora do que a prevista para o Montijo e receber todo o tipo de aviões”.
Por outro lado, não tenho ouvido referir uma previsão relevante: a de que só viagens de mais de 600 quilómetros justificarão utilizar o avião, pois o comboio é preferível, se for rápido.
Por isso, importa equacionar o caminho de ferro a par do avião nesta questão do novo aeroporto.
Ora, entre nós, o comboio tem vindo a perder terreno para a rodovia há muitas décadas.
E o atual Governo não parece capaz de inverter esta situação.