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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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O FMI e Portugal

14 out, 2022 • Francisco Sarsfield Cabral • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Desde o início da invasão russa da Ucrânia que sobem os juros das dívidas públicas. É vital que a subida dos juros da dívida portuguesa não chegue aos 7%, que em 2011 trouxeram a “troika” a Portugal. O FMI mostra ter confiança financeira no nosso país.

Na quarta-feira passada Portugal emitiu dívida pública a três e a nove anos. No prazo mais alongado o Estado português pagou 3,23% de prémio de risco, contra 2,33% em setembro. Os juros das dívidas estão a subir.

No mercado de dívida já emitida o juro da dívida portuguesa a dez anos anda agora pelos 3,4% no mercado. Há dois anos esse juro encontrava-se pouco acima de 0,1%. Caminhamos para o desastre financeiro? Não, mas importa ter cuidado.

A invasão da Ucrânia pela Rússia levou à subida dos juros das dívidas. Mas os juros das dívidas públicas portuguesas têm subido um pouco menos do que os juros das dívidas de Espanha e de Itália.

Este é um sinal de que os mercados mantêm a confiança em que o nosso país pagará o que deve. Quando em 2011 o então ministro das Finanças Teixeira dos Santos se viu obrigado a desencadear a vinda da “troika”, para evitar a bancarrota, os juros ultrapassavam os 7%.

Daí o imperativo de nunca mais atingirmos juros dessa ordem. O que implica prudência e contas certas. Não se trata de gostarmos ou não dos mercados, em causa está evitarmos uma catástrofe financeira, que muito cara sairia ao bolso dos portugueses. Apesar da nossa experiência traumática em 2011 e anos seguintes, ainda há quem não perceba isto. Nem tenha presente que durante muitos anos Portugal terá que recorrer a empréstimos do exterior.

O FMI previu uma subida do PIB português em 2023 de apenas 0,7%, contra a estimativa governamental de 1,4%. E para o ano corrente o FMI prevê um crescimento da economia portuguesa de 6,2%, contra a previsão de 6,5% do Governo.

O pessimismo do FMI, muito ligado à conjuntura económica mundial, é mais uma razão para haver prudência financeira em Portugal. Até porque ninguém sabe quando e como acabará a guerra.

Prevê o FMI que no final de 2023 a dívida pública portuguesa em percentagem do PIB ficará abaixo das dívidas de Espanha, França e Bélgica. A dimensão da dívida pública portuguesa passará assim do terceiro posto na zona euro, abaixo das dívidas da Grécia e da Itália, para o sexto lugar. Esperemos que esta previsão do FMI se concretize.

Comentários
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  • José Bulcão
    14 out, 2022 Almada 13:47
    Portanto, é a TINA outra vez. Já andamos com ela há tanto tempo... Parece aquelas pessoas que se convida para nossa casa e depois nunca mais se vai embora até algum de nós dizer: Bem, vamo-nos deitar que há alguém que se quer ir embora...