02 jan, 2023
Em 2022 a União Europeia (UE) mostrou uma capacidade de agir em conjunto que muita gente não supunha possível. Refiro-me, claro, à reação europeia perante a invasão russa da Ucrânia.
2023 irá pôr à prova a unidade da UE. Será preciso continuar a apoiar a resistência da Ucrânia aos invasores, vencendo cansaços e egoísmos nacionais. Importa não esquecer que na guerra da Ucrânia se joga muito do futuro europeu.
Por outro lado, depois do período isolacionista de Trump, o presidente Joe Biden foi decisivo para a unidade dos europeus. Percebeu-se claramente que para a resposta à agressão russa os EUA foram e são determinantes. Tal como, aliás, os americanos impulsionaram a integração europeia em meados do século XX. Recorde-se o Plano Marshall e a administração dos seus fundos, coordenando os beneficiários europeus.
Existem problemas nas relações transatlânticas, certamente. Por exemplo, na disparidade dos apoios às empresas americanas e europeias; os subsídios as primeiras dificultam a saudável competição às segundas. Nada que não se possa ultrapassar em 2023, se houver empenho político.
Uma coisa é certa: em matéria de segurança e defesa, a UE não pode dispensar o apoio dos EUA. Sobretudo conviria acabar com a contradição, que ainda persiste nas margens do projeto europeu, dos que clamam por mais independência estratégica da Europa comunitária em relação aos EUA e ao mesmo tempo recusam partilhar com Washington o fardo das despesas militares.
No ano que agora começa,serão provavelmente dados passos concretos no alargamento da UE a novos países membros. Importa não repetir o que se passou em anteriores alargamentos, como o de 2004, quando não se decidiu a tempo o aprofundamento da integração, de maneira a que a UE pudesse funcionar com mais Estados membros.
O que implica explicar muito bem aos cidadãos as mudanças institucionais necessárias e a justificação dessas mudanças. Qualquer alteração dos tratados exigirá referendos em vários países. Conviria evitar a rejeição das mudanças em algum desses referendos, com a consciência de que a integração europeia não poderá avançar se não tiver o acordo dos europeus.