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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A inflação e os juros

06 fev, 2023 • Francisco Sarsfield Cabral • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A subida dos juros causa problemas a quem paga os juros de empréstimos à habitação. E também sobe a fatura dos juros pagos pela dívida do Estado. Mas esses custos seriam ainda mais pesados se a inflação não fosse combatida pelo BCE.

Na quarta-feira da semana passada a Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos, subiu os seus juros diretores 0,25%. As anteriores subidas tinham sido de 0,5%, mas a inflação na América mostra agora um claro abrandamento, requerendo uma política monetária menos restritiva.

Na Europa a inflação também dá sinais de abrandamento, mas menos nítidos do que os registados nos EUA. Por isso o Banco Central Europeu (BCE) subiu de novo 0,5% os seus juros. E Christine Lagarde, presidente do BCE, previu que, em 16 de março próximo, haverá uma nova subida de igual dimensão. Depois disso se verá como evolui a inflação; a partir daí, se o abrandamento da alta de preços for então inequívoco, poderá o BCE atenuar futuras subidas de juros.

A subida dos juros causa problemas a quem paga os juros de empréstimos à habitação, por exemplo. E também sobe a fatura dos juros pagos pela dívida do Estado. Relativamente a este último ponto são de sublinhar dois pontos. Primeiro, a dívida pública portuguesa baixou para menos de 115% do PIB no final de 2022, contra 135% em 2020 e 126% em 2021. É uma descida positiva.

Por outro lado, os juros que Portugal paga pela dívida a dez anos têm-se mantido abaixo do que paga a Itália e também a Espanha. O que mostra que os mercados confiam na capacidade do nosso país cumprir os seus compromissos no pagamento de juros e amortizações da sua dívida. Essa confiança poupa muito dinheiro ao bolso dos contribuintes portugueses.

A subida dos juros pelos bancos centrais visa combater a inflação, travando o crescimento económico. Não é, portanto, um remédio indolor. Ora o clima económico na zona euro revela-se agora menos negativo do que o previsto ainda há pouco tempo; existe hoje uma apreciável probabilidade de não ocorrer uma recessão na economia europeia.

Mas não haja ilusões – se a inflação empobrece a maioria dos portugueses, o seu combate envolve custos económicos e sociais. Consolemo-nos com a ideia de que esses custos seriam ainda mais pesados se a inflação não fosse combatida pelo BCE.

Comentários
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  • Gonçalo Alexandre
    23 fev, 2023 Seia 12:50
    Há um equívoco demasiado grande no que concerne a Portugal: O nosso país não tem quase indústria e não tem uma verdadeira e coerente política de reindustrialização, politica esta que se estende à restante Europa. Não é à toa que o motivo n°1 do declínio económico do Ocidente foi a desindustrialização que se iniciou na década de 70 do século XX,e Portugal actualmente um dos países mais desindustrializados de todo o Ocidente, desde que cometeu as insanidades surreais a partir de 13 de Setembro de 1974 tendo o expoente máximo da loucura em 1975: a nacionalizações. Não nos esqueçamos que foram destruídos 7 gigantescos conglomerados mistos, e que entre eles figuravam dois conglomerados colossais no campo industrial:Grupo CUF e Grupo Champalimaud.Só lendária e titânica CUF do Sr. Alfredo da Silva/Mello era o maior grupo empresarial de toda a península Ibérica,o 10° maior de toda a Europa e o 150 de todo o mundo.Mas para além dos 7 gigantes conglomerados mistos houve centenas de indústrias e empresas a serem nacionalizadas! Os erros pagam-se caros e continuamo-los a pagar e pelas restantes décadas do século XXI! Se não tivessem nacionalizado estes 7 conglomerados mistos e mais empresas e indústrias,não teríamos actualmente Portugal com uma economia forte e poderosa, totalmente diferente desta não economia na actualidade? Em que valor estaria a economia, o pib e o pib per capita se não tivessem ocorrido as nacionalizações?