Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

Lula, a guerra na Ucrânia e Portugal

19 abr, 2023 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Se os americanos e os europeus fizessem a vontade a Lula, ou a Trump, a guerra acabava num instante, ficando a Rússia a dominar uma grande parte da Ucrânia. Não é essa a posição da UE e de Portugal.

No passado sábado, no fim de uma visita à China, Lula da Silva, Presidente do Brasil, expôs as suas ideias sobre como conseguir a paz na guerra da Ucrânia. Não são ideias originais, ouvimo-las praticamente desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há mais de um ano.

Lula acusa os Estados Unidos e a Europa comunitária de prolongarem a guerra, ao entregarem armas e munições à Ucrânia. Mais curiosa é a ideia do Presidente do Brasil sobre quem desencadeou a guerra: a decisão da guerra foi tomada por dois países, Rússia e Ucrânia, disse ele.

Assim Lula finge ignorar que a Rússia invadiu a Ucrânia, país que Putin quer riscar do mapa. Há um agressor e um agredido, não estão os dois países no mesmo plano. Se os americanos e os europeus fizessem a vontade a Lula, ou, já agora, a Trump, a guerra acabava num instante, ficando a Rússia a dominar uma grande parte da Ucrânia, cuja soberania territorial seria profundamente violada, contrariando a Carta da ONU.

Este falso pacifismo que Lula agora adotou é conhecido – trata-se de ajudar Putin a ultrapassar o sarilho que ele próprio criou. Como felizmente acontece, a posição da UE e de Portugal é bem diferente da posição de Lula e não deve ser ocultada.

Pela voz de Paulo Rangel o PSD apelou ao Governo de A. Costa para tomar “uma posição pública e formal” demarcando-se das declarações de Lula. Seguiu-se uma intervenção do PS, pela voz de Jamila Madeira, que procurou defender Lula, alegando que ele fomenta a busca pela paz na Ucrânia.

Entretanto, o ministro dos Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, recebeu o seu homólogo russo, Sergei Lavrov; Mauro Vieira mostrou-se contra sanções à Rússia, por causa da invasão da Ucrânia, Lavrov agradeceu.

Finalmente, falou o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, rejeitando que haja algum tipo de embaraço com as declarações de Lula sobre a Ucrânia. E acrescentou que o Presidente do Brasil terá ocasião de expor as suas ideias no seu encontro com o Presidente Marcelo e o Governo, como se ele não tivesse sido já suficientemente claro para merecer uma rejeição clara.

Não chega lembrar que Portugal e o Brasil têm políticas externas diferentes. Importa que a posição portuguesa sobre a Ucrânia seja lembrada publicamente sem complexos. Até como sinal de respeito pelo Presidente do Brasil e das relações de Estado a Estado entre Portugal e o Brasil.

Francisco Sarsfield Cabral

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • João Lopes
    20 abr, 2023 Porto 09:23
    Artigo sensato!
  • Desabafo Assim
    20 abr, 2023 Porto 08:01
    Ao sabor do vento e quem assim não quiser viajar no diálogo já perdeu pois o vento é consentido pelo criador. Chama a esta abordagem a sociedade , processo mal conduzido, só existe uma humanidade, um só povo, um só ser humano íntimo, independentemente das suas múltiplas apresentações, é um facto, nem o branco nem o índio, nem o africano, asiático ou australiano têm qualquer tipo de incapacidade que o marque em termos cognitivos todos têm os mesmos conceitos, emocionais ou destreza para a adaptação do mundo físico à sua condição. O povo sempre teve senhores terrenos que usam o vento como argumento e sendo assim não é pelo diálogo que se combatem pois basta lançar uma palhinha ao ar para saber o que diz o vento. Que diferença terá feito ao articulista e seguidores do vento terem nascido neste feudo ou no feudo ao lado? A filiação a este feudo seria diferente à filiação que teria ao outro feudo se tivesse lá nascido? Existe alguma língua onde seja impossível definir um conceito? Tudo é humanidade, um só Homem. Está humanidade que vive na fronteira dos feudos tem direitos dados pelo criador, são parte de nós, partilham os mesmos anseios, as mesmas angústias, as mesmas dificuldades, é legítimo de alguma forma estarem a passar este infortúnio? Não é fácil de ver que se trata de uma disputa a feijões? Porque têm de morrer diariamente tantos (mundos) jovens?? Que se vai obter daí senão uma linha imaginária para glória dos senhores feudais, contra o vento não se argumenta, ponto final
  • Timbo Caspite
    19 abr, 2023 Lisboa 11:13
    É fato que #LulaLadrão não tem condições, tão pouco moral, para tecer qualquer comentário sobre política externa. Seu país, o Brasil, caiu drasticamente sua expectativa eocnômico-financeira, graças a sua ineficiência política, cuja aliados e ministros não são sequer da área que atuam. Fato este que seu ministro da economia é nada mais que um entusiasta, pois sua formação em economia não passeou de alguns meses graças a colegas que o ajudou nas avaliações. Sua polílica é distribuir cargos para aliados afim de estabelecer seu pequeno reinado por trocas de favores políticos e não com os olhos da população que alienadamente o apoia (sem contar, é claro, das adulterações das famosas urnas electrônicas). Dar crédito a um político corrupto, ladrão e que mal sabe as reais necessidades de seu país não tem moral para opinar, em qualquer esfera, na política externa.