Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

A democracia vencerá

24 abr, 2023 • Francisco Sarsfield Cabral • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Meio século depois de os militares terem derrubado o regime não democrático então vigente, os portugueses parecem desiludidos com a democracia. Mas a democracia vencerá.

Há 49 anos, uma revolta militar iria mudar a vida política em Portugal. Descontentes com as guerras nas colónias sem fim à vista, os militares avançaram para derrubar o Governo da altura. Assim, a partir de um descontentamento profissional, os militares revoltosos acabaram com o regime não democrático que vigorou no país desde 1926.

Claro que a transição para a democracia levou algum tempo a enraizar-se. A luta entre os defensores de uma democracia liberal e aqueles que pretendiam uma ditadura de esquerda foi dura e difícil.

Ora a própria democracia, com eleições, veio afastar uma ditadura de esquerda. Um ano depois do 25 de Abril, em 1975, realizaram-se eleições para a Assembleia Constituinte. A afluência às urnas foi enorme, mais de 91% dos inscritos votaram. E os resultados mostraram que aqueles que, à esquerda, falavam em nome do povo, tinham afinal poucos apoiantes.

Passou quase meio século. Os portugueses parecem agora desiludidos com a democracia. Explorando esse descontentamento, o populismo acena com um regime dependente de um líder forte para resolver problemas difíceis.

O fraco crescimento económico e o alastrar da pobreza não ajudam a combater as tendências não democráticas. Mas será que os portugueses querem regressar a um regime como o que vigorou entre nós até 1974? Não acredito nisso. A democracia vencerá.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Liberato 2
    25 abr, 2023 Almada 14:21
    É pouco curial que a RR faça censura no dia 25 de abril mas é a prova que corrobora aquilo que escrevi no comentário que escrevi há mais de 12 horas atrás respeitando os termos e condições
  • Liberato
    25 abr, 2023 Liberato 00:25
    Querer ou não querer que algo aconteça entra no conceito anglo-saxónico de Wishful Thinking, não tem sustentação nenhuma a não ser no nosso desejo pessoal. Muitas vezes a História dá-nos a chave para entender os processos que conduzem a alterações profundas nas sociedades e nos regimes, assim como algumas regras de ouro. Tudo aquilo que nos rodeia parece perene e no entanto isso não é bem assim. Para perceber isso temos a Arqueologia que investiga aquilo que em tempos parecia perene. Bill Clinton tinha um cartaz no gabinete que lhe lembrava sempre a importância da Economia. De facto os seus mandatos foram bem sucedidos. Hoje em muitos aspectos a Economia está subordinada às Finanças, o que dá estabilidade mas não permite ganhos ou leva mesmo a perdas. Veja-se o que acontece à décadas com os ordenados de muitos trabalhadores da classe média: se os tempos são de vacas magras não se aumentam os salários porque os tempos são maus; se os tempos são de vacas gordas não se aumentam os salários porque se deve ter cuidado com os tempos maus que podem estar ao virar da esquina. Conclusão: paulatinamente perdem poder de compra e empobrecem, para além de perderem direitos. Nas eleições o que está em jogo não é quem ganha mas quem perde porque não apresentou os argumentos necessários para reunir a confiança dos eleitores, sobretudo quem governa. Se houver uma insatisfação generalizada pode acontecer que todos os partidos percam menos aquele que muita gente considera muito inconveniente
  • J M
    24 abr, 2023 Seixal 15:54
    Realmente fica bem, aplicar a frase "regime não democrático" quando se está a referir à ditadura salazarista. Na realidade a palavra fascismo é muito verbalizada pelas ditaduras de esquerda e pode ferir a susceptibilidade de muitos comparsas "democráticos liberais". Já agora gostaria de relembrá-lo: nas eleições de 1975 para a Assembleia Constituinte, o povo deu 50.33% dos votos aos dois maiores partidos de esquerda e 34% aos dois de direita. Afinal aqueles que falavam e queriam representar o povo tiveram mais votos, ao contrário daquilo que escreveu. É devido à deturpação de uns factos e à ocultação de outros, muito comum nos dias de hoje por algum tipo de imprensa escrita e outros meios de comunicação, que o populismo tem vindo a ganhar terreno, depois vêm com candura e cinismo opinar que os portugueses estão desiludidos com a democracia, quando são os próprios a contribuir para a descrença.