03 mai, 2023 • Francisco Sarsfield Cabral
As semanas passam, mas as trapalhadas do Governo na TAP continuam a marcar o panorama político nacional. Quando se julga ter atingido o limite das absurdas intervenções do poder político na companhia aérea, logo surge mais um episódio trágico-cómico.
O Governo anunciou para breve o início do processo de reprivatização da TAP. Os trabalhadores da empresa estão contra a privatização, assim como o PCP e o Bloco de Esquerda. Mas a maioria dos portugueses e o próprio Governo, suspeito, anseiam pela hora em que a TAP sairá da órbita do Estado.
Não entram aqui grandes considerações ideológicas. Aliás, o PS e o seu Governo já defenderam tudo e o seu contrário quanto a quem deve mandar na TAP. O atual favorecimento, mais ou menos tácito, da privatização da empresa na opinião pública tem a ver com o desejo de, quanto antes, pôr um ponto final no espetáculo deprimente a que temos assistido, uma vez que o Estado tire as suas mãos da empresa. Resta saber até que ponto esse espetáculo irá desvalorizar a venda da TAP a estrangeiros e prejudicar as condições dessa venda.
A TAP deu lucro em 2022. Mas esse resultado teve em boa parte a ver com as limitações ainda vigentes no ano passado nos vencimentos dos trabalhadores. A TAP só deu lucros de forma sustentada quando o colonialismo lhe permitia condições vantajosas nas colónias, onde beneficiava de mercados protegidos.
Agora o Governo entende que, para sobreviver, a TAP deve integrar-se numa grande companhia aérea internacional. Desde que, insistem os governantes, se mantenha o “hub” da empresa em Lisboa, ou seja, fique na capital portuguesa o centro da distribuição de voos da empresa. Veremos o que conseguirá o Governo, mas as perspetivas não são famosas.