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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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A OPEP já não é o que era

12 jun, 2023 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


No último ano e meio o preço do petróleo bruto baixou cerca de 50%. Os países da OPEP decidiram sucessivos cortes na sua produção, mas não houve sinais de subida do preço do petróleo. A descarbonização não favorece a OPEP.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) assustou durante décadas a economia mundial. Ao fechar a “torneira” do petróleo bruto e assim encarecer o “crude”, o poderio da OPEP atingiu o seu máximo em 1979. Kissinger manifestou, então, o desejo de os principais países consumidores de petróleo se unirem numa espécie de cartel de compras – o que nunca aconteceu.

Mas a OPEP tem perdido força nos últimos anos, apesar de agora contar com a Rússia como país aliado. Em março do ano passado o barril de Brent (dois terços das transações mundiais de crude são cotadas assim) situava-se à volta de 130 dólares. Agora o barril de Brent anda pelos 75 dólares, uma queda de cerca de 50%.

Reagindo a esta descida de preço, a OPEP recorreu a sucessivos cortes na produção, com destaque para a Arábia Saudita, que prometeu reduzir a sua produção em um milhão de barris por dia. O mais recente corte foi decidido há uma semana. Ora o preço do “crude” no mercado mundial não deu entretanto sinais de subida.

Os países da OPEP sabem que uma grande parte dos países consumidores de petróleo caminham para a descarbonização, usando menos combustíveis fósseis. E não ignoram que, graças ao “fracking”, os Estados Unidos são hoje um grande produtor de “crude”.

O que de mais sensato podem fazer os países da OPEP será usar a sua enorme riqueza acumulada para diversificarem as suas economias, tornando-as menos dependentes do petróleo. Mas esses países são, quase todos (incluindo a Rússia), dirigidos por autocratas, o que não facilita a transição.

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  • Cidadao
    12 jun, 2023 Lisboa 08:25
    Sempre disse que quando o petróleo deixasse de ser indispensável, os opeps e outros que andaram a brincar, iriam ter areia para comer. Isso não acontecerá pois eles têm muitos investimentos e empresas no Ocidente. E espero que não lhes vendam patentes de renováveis ou combustíveis sintéticos. Mas uma coisa é certa: já não voltam a parar o Ocidente, tendo o petróleo como arma de chantagem.