17 jul, 2023
Quando, em setembro de 2022, Manuel Pizarro substituiu Marta Temido à frente do ministério da Saúde, o primeiro-ministro A. Costa desdobrou-se em afirmações segundo as quais nada iria mudar na política do Governo para este setor. Por isso nessa altura duvidei que o novo ministro trouxesse grandes progressos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Há cerca de oito meses foi criado o cargo de diretor executivo do SNS, lugar ocupado por Fernando Araújo, que se havia distinguido na liderança do Hospital de S. João, no Porto. Levantou-se, então, a esperança de que algo melhorasse na saúde em Portugal. Mas passaram quase oito meses e as melhoras tardam a concretizar-se. A situação de conflitualidade dos médicos e outros profissionais do setor com o ministério da Saúde não acalmou, pelo contrário.
O Presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares declarou há dias que os planos de orçamento aprovados pelo Governo no corrente ano sofreram “cortes significativos” ditados pelo ministério das Finanças. A autonomia dos gestores públicos hospitalares mostra-se, assim, escassa.
Numa entrevista à Renascença e ao Público, Adalberto Campos Fernandes, que foi ministro da Saúde de A. Costa de 2015 a 2018, reconheceu que Manuel Pizarro “está a ter mais dificuldades do que aquilo que muitos de nós julgariam que viria a acontecer”. Note-se que M. Pizarro não só é médico como tem experiência política – foi duas vezes secretário de Estado da Saúde, deputado à Assembleia da República, eurodeputado, etc.
Adalberto Campos Fernandes estranhou, naquela entrevista, que a direção executiva do SNS ainda não tenha estatutos aprovados, acrescentando: “o pior que Fernando Araújo (diretor executivo) está a fazer é aceitar uma situação inaceitável”. E, quanto ao ministro, afirmou que M. Pizarro “não tem a força política que se esperava para se impor”.
Por outro lado, e como a Renascença noticiou, as famílias portuguesas gastaram sete mil milhões de euros com a saúde em 2021, o que coloca Portugal entre os países europeus com maior desproteção financeira no acesso à saúde, concluíram os investigadores Eduardo Costa e Pedro Pita Barros.
Seja como for, não se concretizam as melhoras na Saúde e as pessoas desanimam.