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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Os bancos centrais e a inflação

28 jul, 2023 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A Reserva Federal (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE) subiram nesta semana os seus juros pela mesma percentagem. Mas a Fed está mais adiantada do que o BCE no combate pela estabilidade dos preços.

Depois de ter feito uma pausa em junho, a Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, na passada quarta-feira subiu 0, 25 pontos percentuais os seus juros diretores. A subida era geralmente esperada, o que mais uma vez mostra que os bancos centrais se esforçam por transmitir aos agentes económicos as suas intenções.

Foi a décima primeira subida dos juros da Fed desde março de 2022. A inflação nos EUA, que era de 9,1%, em junho do ano passado, tinha descido para 3% em junho do corrente ano. Parece, assim, que a Fed teve algum sucesso na travagem da alta de preços. Mas há receios porque ainda permanecem na economia americana tensões inflacionistas; por isso Jerome Powell, presidente da Fed, não afirmou que esta subida de juros era a última. Fica em aberto o que fará em setembro. Entretanto está afastada, ou quase, uma recessão na economia americana. O PIB dos EUA está a crescer a 2,4% ao ano.

Na quinta-feira, também sem surpresa, o Banco Central Europeu (BCE) subiu 0,25 pontos percentuais os seus juros diretores. O BCE começou a subir juros apenas em julho do ano passado, quatro meses depois da Fed, por isso é natural que esta subida não tenha sido a última.

Os meses que antecederam a primeira subida de juros do BCE poderão ter difundido a ideia de que não haveria da sua parte uma forte disposição para enfrentar a inflação – ou seja, subir juros para travar o crédito e assim arrefecer a economia. Por isso o BCE teve, depois, que se mostrar mais decidido a subir juros, de modo a convencer que não se furtava ao combate pela estabilidade de preços, o seu único objetivo estatutário (a Fed tem que atender também ao emprego). É um combate psicológico.

Christina Lagarde, quando esteve em Sintra, desdobrou-se em afirmações de firmeza no combate do BCE à inflação. Afirmações que provocaram fortes críticas em Portugal. Mas essas críticas não adiantaram qual seria, então, o método alternativo para levar os preços a pararem de subir. A menos que se ignore que a inflação é um pesado “imposto” sobre os agentes económicos, prejudicando sobretudo os consumidores de menores recursos.

No fim de 2022 a inflação na zona euro ultrapassou os 10%, depois baixou, muito graças à queda nos preços da energia, chegando a 5,5% em junho. Mas a chamada inflação subjacente (excluindo energia e alimentação) ainda está demasiado alta na zona euro (6,8%), tendo baixado apenas 0,1 ponto percentual entre maio e junho. Daí que seja provável uma nova subida de juros do BCE em setembro. A não ser que o fraco crescimento económico anual da zona euro, apenas 1% no primeiro trimestre deste ano, leve o BCE a fazer uma pausa.

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