20 nov, 2023 • Francisco Sarsfield Cabral
O presidente americano Joe Biden encontrou-se com o presidente da China, Xi Jinping, numa cimeira que correu bem, tanto quanto se poderia esperar das duas mais importantes potências mundiais, que se opõem na cena internacional.
Talvez o resultado mais relevante da cimeira seja terem sido restabelecidos “telefones vermelhos”, não apenas entre os dois presidentes, mas também entre as principais autoridades militares dos dois países. Medidas sensatas para impedir que uma guerra entre os dois países comece por causa de um mal entendido.
Xi Jinping prometeu travar a exportação para os EUA de fentanil, um opioide sintético que tem levado à morte de milhares de americanos. À margem da cimeira o presidente chinês encontrou-se com um grupo de empresários norte-americanos e disse-lhes que há muito espaço para a cooperação bilateral com a China.
Como se previa, Xi Jinping manteve a posição chinesa sobre Taiwan, que considera parte da China, enquanto J. Biden manifestou o empenho de Washington em ajudar aquela ilha a defender-se de eventuais agressões.
Era importante para J. Biden ter uma cimeira positiva com o presidente da China. Biden poderia ter evitado repetir publicamente que Xi é um ditador (que de facto é...), irritando os chineses, mas esse pequeno deslize não afetou os resultados da cimeira.
Joe Biden terá na primeira terça-feira de Novembro de 2024 uma eleição crucial. Ora as últimas sondagens mostram que Trump poderá vencer essa eleição presidencial. O que seria um desastre para os EUA e para o mundo.
Nesta altura já é tarde para afastar Biden da corrida à Casa Branca e escolher um outro candidato. O que se passa em Gaza, onde os esforços americanos para moderar Israel na sua reação contra o Hamas se têm mostrado pouco eficazes, incomoda muitos americanos. E apesar de a economia americana crescer a ritmo apreciável, sondagens revelam insatisfação popular com a atividade económica. Acresce que Joe Biden tem 80 anos, o que levanta dúvidas sobre a sua capacidade para continuar a presidir aos EUA durante mais quatro anos.
Como poderá Biden daqui a quase um ano vencer Trump? Creio que o fator decisivo será a consciência do perigo para a democracia e para a ordem internacional que uma vitória de Trump representaria. Talvez muitos americanos votem, não propriamente para elegerem Biden, mas sobretudo para que Trump não volte para a Casa Branca.