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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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A Ucrânia à beira do abismo

13 dez, 2023 • Francisco Sarsfield Cabral • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


“Pela primeira vez desde que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia parece que ele poderá ganhar,” escreve o Economist. Dias difíceis para os combatentes ucranianos e, a prazo, para a segurança europeia.

As coisas não estão a correr bem para a Ucrânia. A contra-ofensiva ucraniana teve fracos resultados. São públicas as divisões entre o Presidente Zelensky e o seu chefe militar máximo, general Zaluzhny. A popularidade de Zelensky baixa, em parte por causa de escândalos de corrupção. E é nesta altura que começam a falhar as entregas de armas e sobretudo de munições às forças armadas da Ucrânia.

No Congresso americano os republicanos fazem depender a ajuda à Ucrânia de medidas restritivas da imigração na fronteira com o México. A posição de Biden, como um presidente dinamizador da ajuda internacional à Ucrânia, sofreu um abalo pelo facto de um filho seu ter sido levado a tribunal nos EUA, acusado de fuga aos impostos. Aumentam, assim, as probabilidades de Trump regressar à Casa Branca depois das eleições de novembro. Com ele, a guerra na Ucrânia acaba – com a inglória derrota dos ucranianos.

Os EUA são, de longe, o principal país que tem apoiado o esforço militar dos ucranianos. Mas os países europeus também parecem hesitantes em fornecer mais ajuda militar à Ucrânia, para esta se defender da invasão russa. Várias sondagens sugerem existir algum cansaço dos europeus quanto a continuarem a apoiar os ucranianos. E o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, um político próximo de Putin, opõe-se abertamente ao envio pela UE de mais ajuda militar à Ucrânia.

“Pela primeira vez desde que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, parece que ele poderá ganhar” escreve, em editorial, o Economist. O parlamento da Rússia prepara-se para mobilizar mais gente para a guerra na Ucrânia; a população russa não gosta da guerra, mas está habituada a ela. As despesas militares da Rússia devem subir em 2024 quase para o dobro. Putin precisa da invasão da Ucrânia para se manter no poder em Moscovo.

Ora a ditadura russa controla a informação que chega aos russos. E há mesmo alguns extremistas russos que criticam Putin por ele não ser suficientemente agressivo contra os ucranianos.

É certo que alguns países da UE, como a Alemanha, mantém o propósito de apoiar a Ucrânia, militarmente e não só. Mas o entusiasmo que se sentiu até há meses em torno dessa ajuda parece ter-se desvanecido. Dias difíceis para os combatentes ucranianos e, a prazo, para a segurança europeia.

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  • Cidadao
    13 dez, 2023 Lisboa 10:11
    Um putinista não podia ter elaborado um artigo melhor, mas engana-se redondamente. Cansados da guerra todos estão, até mesmo os russos só que estes se se manifestam, levam no cachaço. Nos EUA, o que temos é uma chantagem duns fatinhos republicanos, que quando chegar a hora das decisões, votarão a favor da ajuda pois não querem ficar associados a "amigos de Putin", até porque se a América falha ao aliado Ucraniano, outros aliados da América verificando que esta só é aliada até certo ponto, vão repensar fidelidades. E neste parque geriátrico que é a Europa do sofá e apoio social, todos percebem que se a Rússia tomar a Ucrânia, os tais 300 000 soldados que agora se fala, têm de ser elevados a pelo menos 500 000 em permanência e se agora se queixam do custo, depois queixam-se muito mais, a não ser que prefiram abrir as portas para os russos entrarem e passarem a viver como Moscovo quiser, logo vão continuar a apoiar. E veja-se o seguinte: quando a invasão começou, a Ucrânia enfrentou sozinha e com exito o dito "rolo-compressor" russo, até porque as ajudas só começaram a vir semanas depois e limitavam-se a armamento soviético dos anos 70. Agora que o ex-rolo compressor foi ao ar e as unidades russas altamente treinadas foram substituídas por "miúdos e quarentões" que apesar de serem muitos, estão mal treinados e equipados e querem é ir para casa, acha que a derrota ucraniana - que neste momento tem o 4º exército da Europa - está eminente?