08 jan, 2024
A invasão russa da Ucrânia está perto de fazer dois anos e entrou agora numa fase mais mortífera. Os atrasos e as hesitações, nos Estados Unidos e na Europa, quanto ao fornecimento aos ucranianos de armas e munições, coloca as forças armadas deste país numa situação difícil.
A Ucrânia tenta desenvolver a sua indústria militar, de modo a compensar, pelo menos em parte, as falhas no abastecimento a partir do exterior. Sabe-se como os ucranianos são determinados e engenhosos, mas é flagrante a posição de inferioridade da Ucrânia face aos recursos muito superiores da Rússia, nomeadamente quanto ao número de combatentes, atuais e futuros.
Do lado dos invasores russos, nota-se uma escalada nos bombardeamentos e nos ataques com “drones”, visando desmoralizar os civis ucranianos que sofrem esses ataques. Nada muito diferente do que se passa desde 24 de fevereiro de 2022, apenas com um maior grau de violência.
Neste quadro sangrento uma pequenina luz voltou a brilhar - a troca de prisioneiros entre as duas partes em conflito. No passado dia 3 a Rússia e a Ucrânia anunciaram ter realizado uma troca de prisioneiros envolvendo cerca de 230 militares de cada lado. Não apenas foi a maior troca de prisioneiros desta guerra, como se pôs termo a um longo período durante o qual não se efetuaram trocas – desde agosto passado, e depois de as autoridades ucranianas terem acusado Moscovo de bloquearem as trocas.
A troca de prisioneiros do princípio do corrente ano contou com a mediação dos Emiratos Árabes Unidos, que parecem ter boas relações com Moscovo. Mas ter-se concretizado esta troca não significa qualquer abrandamento na violência russa. Note-se, por exemplo, que nos últimos meses as autoridades da Rússia têm vindo a acusar numerosos prisioneiros ucranianos de crimes de guerra, envolvendo pesadas penas.
Não haja ilusões – Moscovo quer esmagar a nação ucraniana. Putin pode esperar, convencido de que o tempo corre a seu favor. Resta aguardar que o chamado Ocidente não ofereça a Putin uma vitória na Ucrânia, que seria uma provável antecâmara de novas iniciativas imperialistas da Rússia.