12 jan, 2024 • Francisco Sarsfield Cabral
Pela quarta vez desde o ataque terrorista do Hamas a Israel, em 7 de outubro passado, o Secretário de Estado (ministro dos Negócios Estrangeiros) dos EUA, Antony Blinken, visitou os países do Médio Oriente. Washington tenta evitar que o conflito de Israel com os palestinianos alastre – ao Hezbollah, a Norte, ou até ao Irão, que está por detrás das forças anti-Israel. Mas os dirigentes dos EUA estão sobretudo preocupados com a terrível situação humanitária e o número de civis mortos em Gaza.
A posição dos EUA é clara: apoio a Israel, mas pressão para que o ataque israelita ao Hamas salvaguarde a vida dos civis. No início da sua visita ao Médio Oriente, A. Blinken afirmou: “Sabemos que enfrentar um inimigo que se instala entre civis — que se esconde em escolas e hospitais, e atira a partir desses locais — torna isso incrivelmente desafiador. Mas o número diário de vítimas civis em Gaza, principalmente crianças, é alto demais”.
Esta última frase sugere que Washington considera que Israel se excedeu na violência militar em Gaza e porventura, também, na Cisjordânia. Em novembro haverá eleições presidenciais nos EUA e as sondagens mostram que Joe Biden poderá ser derrotado por Donald Trump. A manutenção do apoio americano a Israel arrisca-se a custar o cargo de presidente a Biden.
Os propósitos de Washington têm encontrado um sério obstáculo em Netanyahu. Este político, que enfrenta um processo criminal em curso, agarra-se à chefia do governo para tentar sobreviver politicamente. Ele alia-se aos mais extremistas e radicais partidos religiosos, que o têm na mão.
O semanário britânico “The Economist” pratica um jornalismo de opinião que não se limita a criticar o que entende estar mal, mas que adianta propostas pela positiva. Na sua edição da semana passada o “Economist” defendeu, em editorial, o afastamento de Netanyahu do governo israelita, porque ele põe em causa a segurança de Israel.
Esta coluna já apontou Netanyahu como um opositor de longa data à solução dos dois Estados. De facto, com ele no poder não haverá um princípio de entendimento com os palestinianos. E J. Biden poderá perder a paciência.