06 mar, 2024
A tão aguardada trégua na mortandade em curso em Gaza parecia ir acontecer. O Hamas e Israel teriam chegado a acordo sobre os "pontos básicos" para uma trégua de 40 dias. 40 reféns israelitas seriam libertados em troca de 404 prisioneiros palestinianos que se encontram nas prisões israelitas. Mas, até à hora de enviar para a Renascença este artigo, aquelas notícias não tinham sido confirmadas.
Apesar do trágico ataque do exército israelita a camiões de ajuda humanitária (mais de cem mortos), Netanyahu não apresenta qualquer proposta credível para limitar os terríveis efeitos das suas operações militares em Gaza. Ou seja, os objetivos militares de Israel não atendem ao respeito pelos direitos humanos.
Entretanto, os Estados Unidos juntaram-se ao lançamento de ajuda humanitária – bens alimentares, medicamentos, etc. – a partir do ar sobre a martirizada população de Gaza. Mas, dizem os peritos, lançar comida de aviões é caro e ineficaz.
No entanto, a Joe Biden interessava mostrar aos americanos, através da televisão, que a sua administração está a fazer qualquer coisa para apoiar a população de Gaza. É que a reeleição de Biden está a ser afetada pelo insucesso dos esforços dos EUA para levar Israel a moderar o seu entusiasmo bélico em Gaza.
Também é significativo do incómodo na Casa Branca com os métodos de Netanyahu o facto de Benny Gantz, um israelita, opositor moderado de Netanyahu, que faz parte do executivo de guerra, ter agora visitado Washington, onde se encontrou com líderes políticos americanos.
“Tem de haver um cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza, afirmou a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, que acrescentou: “o Governo israelita tem de fazer mais para aumentar de forma significativa o fluxo de ajuda. Não há desculpas”. De notar que Benny Gantz não pediu autorização a Netanyahu para se deslocar a Washington nem para ter conversações com importantes figuras da administração Biden.
Em Israel cresce o descontentamento com as políticas de Netanyahu. As sondagens mostram que Gantz poderia ter apoio popular suficiente para se tornar primeiro ministro se agora houvesse eleições. Uma possibilidade que Netanyahu tudo fará para que não se concretize.