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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A extrema direita e a democracia

20 mar, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Referindo-se à próxima eleição presidencial americana, Trump afirmou: “Se eu perder, haverá um banho de sangue no país todo”. O mais importante político mundial de extrema direita assusta, assim, o eleitorado americano para condicionar votos. Para Trump, os fins justificam os meios.

O partido de extrema direita de Geert Wilders ficou em primeiro lugar nas eleições de novembro nos Países Baixos, mas sem obter uma maioria absoluta. Passados quatro meses de negociações, Geert Wilders desistiu de ser primeiro ministro, pois não conseguiu obter apoios de outros partidos para tal. Neste caso a democracia prevaleceu.

Entretanto, em França, Marine Le Pen tem vindo a suavizar os traços extremistas do seu partido (União Nacional), de modo a conquistar mais apoiantes e lograr ser eleita Presidente de França em 2027. Recentemente Marine Le Pen viu indeferida a tentativa de o seu partido deixar de ser oficialmente classificado de extrema direita.

Ou seja, a situação política dos partidos considerados de extrema direita varia de país para país. Mas há algumas caraterísticas que parecem comuns à grande maioria deles.

O fraco empenho na democracia representativa é um desses traços comuns. Outro é a hostilidade à imigração. Bastante comum é, também, a tendência para se aproximarem de autocracias (caso sobretudo do regime de Putin) que não podem considerar-se de direita. A extrema direita aprecia as autocracias e, mais ou menos abertamente, despreza os direitos humanos que as democracias liberais valorizam.

Os Estados Unidos, onde o partido democrático ocupa a Casa Branca, criticam agora políticos de extrema direita que causam problemas ao Presidente Biden. Foi o caso recente de Netanyahu, de Israel, e de Viktor Orbán, da Hungria. A situação desesperada da faixa de Gaza e a proximidade de Orbán a Putin são mal vistas na opinião pública americana, o que se reflete em perdas na popularidade de Joe Biden. Orbán também foi criticado em Washington por ter publicamente declarado o seu apoio a Trump.

Referindo-se à próxima eleição presidencial americana, Trump afirmou: “Se eu perder, haverá um banho de sangue no país todo”. O mais importante político mundial de extrema direita assusta, assim, o eleitorado americano para condicionar votos. Para Trump, os fins justificam os meios. Por isso a perspetiva de ele regressar à Casa Branca, essa sim, é verdadeiramente assustadora.

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